<![CDATA[Rev. Nilo Junior - Reflexões]]>Tue, 30 May 2023 10:43:08 -0300Weebly<![CDATA[ASCENSÃO E O KERÍGMA PROFÉTICO DE TRANSFORMAR VIDAS]]>Mon, 22 May 2023 12:05:58 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/ascensao-e-o-kerigma-profetico-de-transformar-vidas        O escritor sagrado de Lucas coloca a ascensão como um significado cronológico, quarenta, não é apenas um número, tem um significado: é um tempo de preparação para uma nova etapa, tempo também de esclarecer duvidas, de discernir a fé, o local, a Galileia corresponde ao retorno onde tudo começou. Quantas vezes precisamos retornar ao ponto de partida, iniciar novamente, começar tudo de novo? Preparar-nos para um novo ciclo.
      Jesus promete o consolador, ele promete que seremos assistidos pelo Espírito Santo de Deus, que animará a missão. Temos tudo, a palavra, a unção e agora precisamos nos mexer, levar sua palavra a todas as pessoas, vivendo e fazendo transformações nas vidas, sendo conscientizadores do reinado de Deus, do projeto de Deus na vida de todos nós. Sendo sal, luz e fermento para o mundo, a vivência do evangelho deve ser a prática diária para na vida do cristão. O verdadeiro sentido de viver o cristianismo e o caminho de Jesus, é transformar vidas, primeiro precisamos transformar a nossa vida, primeiro precisamos mudar nossos hábitos e vícios ruins. Claro isso vai acontecendo aos poucos, todo dia um pouquinho, as mudanças interiores vão amadurecendo e acontecendo na caminhada.
Quando ouvimos em Atos: Galileus, porque ficais aqui parados olhando para o céu... esse mesmo Jesus que foi retornará (Atos 1,11). Existe muita coisa para ser feita, o kerigma (anuncio) exige que coloquemos a mão no "arado". Isso significa que o reino de Deus não pode ficar parado, ele exige movimento, precisamos colocá-lo em prática, não podemos fazer como na parábola dos talentos (Mt 25, 14-30), o talento, que no caso da parábola é o Reino de Deus não pode ser desperdiçado, enterrado, precisa ser multiplicado a palavra de Deus precisa ser semeada, multiplicada, essa é a lógica do reino, exatamente como a comparação que Jesus fez, uma semente pequena que precisa ser semeada para dar uma árvore frondosa e grande. Precisamos levar isso muito a sério, na prática incarnada do evangelho, o convite para servir, para ser discípulos e discipulas, não podemos nos acanhar e ficar calados. Precisamos convidar as pessoas para estarem conosco, para participarem deste projeto, mostrar a elas o quanto esse projeto nos faz bem e agrada, e o quanto é possível beneficiar todas as pessoas com ele, isso é incarnar o evangelho, fazer da sua vida um exemplo para outros aprenderem e imitarem. Fazendo discípulos e discipulas, trazendo mais pessoas para fazer parte desse grande projeto e da obra de Deus. 
       A Ascensão de Jesus o arrebatamento, traz uma mensagem muito poderosa. A referência à nuvem – símbolo teofânico – afirma que Jesus pertence definitivamente à esfera de Deus. É a certeza da comunidade de que Jesus cumpriu perfeitamente a vontade do Pai. Contudo, não basta sabê-lo. Torna-se necessário descruzar os braços, deixar de olhar passivamente para o céu, encarar a realidade que nos cerca, perceber que somos “homens e mulheres da Galiléia”, comprometidos com o testemunho de Jesus . 

]]>
<![CDATA[A mudança de mentalidade no nascer de novo (Jo 3. 1-17)]]>Mon, 06 Mar 2023 14:23:08 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/a-mudanca-de-mentalidade-no-nascer-de-novo-jo-3-1-17      Quando Jesus nos diz, quem não nascer de novo, não poderá entrar no reino de Deus. Nicodemos não entendia essa lógica, ele não queria renunciar ao poder e o privilégio de sua posição e liderança nem mudar seu pensamento. Nascer de novo era uma mudança radical, aquilo que temos falado sempre, Metanoia, conversão profunda e verdadeira. Nas nossas ações, nas nossas relações na forma como perdoamos e como agimos uns com os outros. Se nós não nos engajamos profundamente na Igreja e no projeto do reinado de Deus, não seguimos a Jesus verdadeiramente. Se assim não o fizermos agiremos feito Nicodemos que foge do compromisso, que não quer mudar, que prefere não refletir sobre si mesmo e sua forma de agir. O Caminho de Jesus é o caminho da Cruz, e o caminho dos seus seguidores também. Muitas vezes a cruz é pesada, precisamos abrir mão de uma série de coisas, das nossas paixões, dos nossos vícios, do jeito errado de viver, mas quem tem seus olhos em Jesus não se deixa entristecer.
      Quantas vezes sentimos o peso da cruz e queremos largar, fugir? Os problemas o dia a dia, a casa, os filhos o casamento o trabalho a luta pelo pão de cada dia, são muitas coisas para buscar e se empenhar, além disto tudo temos nossos ministérios junto a Igreja. Quantas vezes diante desses problemas, vemos nossos ministérios como peso? Como algo que está atrapalhando. Não conseguimos perceber a importância de nossos ministérios em nossa vida, na vida de nossa comunidade, quando nos fechamos em nós mesmos e no egoísmo de nossas vidas. Deixamos muitas vezes nossas crises e problemas pessoais influenciarem nossos ministérios, desistimos muito rapidamente de ir ao Culto de fazer as coisas por isso ou por aquilo, qualquer adversidade pode se tornar um motivo para largar ou não fazer, mas aí reside a perseverança do cristão em não deixar que as coisas do dia a dia influenciem nossa fé.
     Aproveitando a quaresma que é tempo para reflexão e momento de mudanças e busca de boas práticas, de perceber o que está acontecendo com nossas vidas e o que precisamos mudar. Na minha vida familiar, no meu casamento, com meus filhos, com meu companheiro(a), no trabalho, na minha relação com as pessoas. Onde eu tenho pecado? Onde eu tenho me excedido ou então deixei de agir e fui omisso? É nesses pontos que precisamos mudar, melhorar trabalhar e crescer. O Caminho do Cristão é o caminho de Jesus, e ele nos da a certeza de que ao final deste caminho vem a Graça. ]]>
<![CDATA[Resgate da dignidade  Humana]]>Mon, 30 Jan 2023 14:20:53 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/resgate-da-dignidade-humana​      Jesus começa chamando homens comuns, não necessariamente pobres, porque a pesca era um bom comércio na época. Pedro e André Tiago e João, o verbo usado por Jesus no grego significa “vinde após mim.” A localização é real e carregada de grande simbologia, a Galileia, era um estado, local de muitas encruzilhadas e a cidade de Cafarnaum uma cidade aberta ao mar, dali chegaram a salvação para todos os povos. A Mensagem de Jesus é muito convincente porque surti um efeito muito rápido, eu farei de vocês pescadores de homens e mulheres. Para nós agora neste tempo que estamos vivendo, como sentimos esse chamado? Ele é o mesmo chamado? Estamos pescando pessoas par o reino hoje? Estamos assumindo nossa missão profética de testemunhar o chamado de Deus em nossa vida?
     Pescar exige paciência, tempo e habilidade – se pescar peixes exigem paciência e tempo, pescar pessoas, exige muito mais. E para isso não devemos usar do medo e da emoção das pessoas, a conversão precisa ser consciente para que possa ser perseverante e verdadeira. Não é através do medo do inferno ou da danação eterna que devemos evangelizar as pessoas, nem tão pouco como um negócio com Deus, como muitos vem fazendo hoje em dia, trocando graça por conversão, como se a Igreja fosse um supermercado e a Graça estivesse nas prateleiras a escolha de cada um. Evangelizar é sobretudo ensinar o amor de Deus, evangelizar não é só usar de palavras, mas sobretudo de ações e exemplos. Não há lugar certo para evangelizar, claro, o bom pescador sabe em qual lado do barco pescar e qual o momento certo, mas todo o lugar é preciso falar e testemunhar o Cristo.
        A missão dos apóstolos de Jesus é envolver-se totalmente no resgate do ser humano, o que significa que nossa missão é a mesma, pois como se diz, a Igreja ainda continua a escrever os Atos dos Apóstolos, o reino de Deus não é retórico, mas é prático, nosso ministério se da através da diaconia, ou seja o serviço de restauração humana que a Igreja realiza através da oração e da diaconia. Por isso o apelo de Jesus começa com um apelo, convertei-vos, essa é a primeira palavra, conversão, Metanoia, mudança verdadeira. Quando ouvimos falar de conversão, muitas vezes nos assustamos, porque achamos algo difícil, penoso, que exige sacrifícios e penitencia, contudo se prestarmos atenção nas palavras de |Jesus vamos entender que ele pede que tenhamos um coração mais humano, que é preciso agir com mais amor. É hora de abrir-se ao reino de Deus, não devemos ficar sentados nas trevas e sim caminhar na luz. A luz quem nos traz é Jesus, ele é o nosso referencial, se estamos tristes, se passamos por momentos difíceis, ele está conosco, ele pode nos ajudar a atravessar os caminhos difíceis, Jesus é a chave, sua palavra é inspiração para toda a nossa vida. 
      É importante ressaltar, o apelo de Jesus não se dirige somente aos pecadores, mas todos nós, ele se dirige a todas as pessoas, pois todos precisamos mudar. Cristo nos dirige desta forma primeiramente a compaixão. Sem compaixão pelos que sofrem nossos discursos e nossas orações são vazias. No projeto de Deus, todas as pessoas precisam ter dignidade, sem dignidade ninguém consegue servir a Deus. Oremos, Pai Materno, dai-nos hoje e sempre um coração compassivo...
]]>
<![CDATA[Natal de Esperança]]>Mon, 26 Dec 2022 19:44:25 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/natal-de-esperanca      Na Carta a Tito 3.4-7  podemos ler que quando o amor de Deus apareceu, nos tornamos herdeiros e filhos de Deus por adoção justificados não por aquilo que fazemos, mas por Graça mesmo de Deus. Através do batismo nos tornamos cristãos e cristãs, e parte do reinado de Deus, responsáveis pelo seu projeto de vida.
      Muito se fala de fé hoje em dia, as pessoas têm procurado uma fé que se adeque a sua vontade ou que lhe seja fácil e conveniente, digamos assim. Uma fé que não exija muito esforço, ao contrário que traga muitos benefícios, aliás hoje em dia falar de compromisso é como se estivesse falando de uma coisa muito estranha, muito diferente que ninguém conhece. Para muitas pessoas a fé é exatamente como um bebê, tudo mundo quer pegar enquanto está quietinho e limpinho, começou a chorar, precisa trocar a frauda entrega para a mãe. Para muita gente a fé tem sido vista assim, começou a exigir, não serve mais, precisas fazer alguma coisa que nos tire do comodismo, aí Já é difícil. Ir a Igreja, cuidar dos necessitados, fazer alguma coisa de bom que me tire da zona de conforto aí já é muito, não serve mais.
Viver a fé cristã, implica em ter contato direto com Jesus Cristo e sua Igreja, a família a sociedade o todo que vivemos está envolvido nisso. Sobretudo em um mundo no qual tendemos transformar o real em virtual. Como cristãos e cristãs não podemos deixar de viver a realidade, o aqui presente onde convivemos e fazemos relações com mas pessoas. Corremos o risco de viver uma fé falsa fria, alienada sem sentido. Por isso hoje em dia tantas pessoas se sentem perdidas, sem destino, sem sentido para suas próprias vidas. Quantas pessoas vem a até nós e dizem, se sentir vazias, não ver sentido na vida? Isto porque não conseguem viver uma fé baseada na realidade onde se do sentido as relações comunitárias, onde se vive Igreja, se tem uma Igreja e se dá verdadeiro sentido à vida comunitária. A oração, o Culto, a Eucaristia e a leitura bíblica comunitária, são alimento para nossa alma, nos fazem sair da nossa vida cotidiana e das nossas rotinas para que possamos em comunidade nos unir e ter uma experiência com Deus.
      As vezes as pessoas dizem, eu faço minha oração em casa, e já está bom. Não conseguem entender que é preciso comunhão, que quando a comunidade se reúne ao redor da mesa e partilha seus dons, estamos vivendo aquilo que o Cristo nos pediu. Não que a oração particular não seja importante, claro que é, nos ajuda a fortalecer a fé, sem dúvida. Mas a oração comunitária é parte da vida cristã.
      Neste Natal talvez seja a oportunidade que precisamos de refletir sobre nossas vidas, quando chega o final do ano, estamos cansados, muitas vezes frustrados, estressados porque não conseguimos fazer tudo aquilo que planejamos, ficamos tristes, deprimidos. Mas nos esquecemos de um ponto fundamental do Natal, de olhar para o menino Jesus na manjedoura, ver a simplicidade e fragilidade de um Deus que se encarna como homem para sentir as nossas dores e o sofrimento de seu povo e, que nos revela o verdadeiro sentido da vida, a simplicidade, o amor e sobretudo a esperança, de que podemos transformar nossas vidas, de que podemos fazer melhor e nos sentir melhor quando olhamos para simplicidade do menino Jesus na manjedoura de Belém, símbolo do encarnado por amor a toda humanidade. Como diz o teólogo Leonardo Boff: "Todo menino que ser homem. Todo homem quer ser Rei. Todo Rei quer ser Deus. Só Deus quis ser menino." 
]]>
<![CDATA[O Bom Samaritano está em nós]]>Thu, 21 Jul 2022 19:34:53 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/o-bom-samaritano-esta-em-nos        Nós Já ouvimos várias vezes a parábola do Bom Samaritano, cada vez que leio procuro refletir, quem seria hoje o meu próximo ou minha próxima? Porque a leitura bíblica é sempre muito atual, todos os anos lemos, e toda vez podemos tirar uma nova reflexão em cima dela.
Primeiro precisamos saber, bom samaritano é quem abre o coração à pessoa que sofre quem estende a mão, sem discriminar, sem fazer perguntas, o samaritano não se importou com quem estava ali caído na valeta, a única coisa que importava era ajudar, cuidar e foi isso que ele fez. Não julgou, apenas estendeu a mão. A leitura bíblica diz que ele teve compaixão. Evidentemente que não basta ser sensível é preciso agir. Olhar as necessidades do próximo e demonstrar amor, cuidado, preocupa-se com a pessoa, ter humanidade. Tamanha foi preocupação do samaritano que ele levou a outra pessoa a uma hospedagem, cuidou de suas feridas e ainda assim a quantia dada, dois denários era o equivalente ao salário de dois dias de trabalho, ou seja, a pessoas seria cuidado por mais dois dias e se precisasse até mais, a conta seria paga quando o samaritano voltasse. Então, nos aprofundando neste texto, podemos ver que houve um cuidado verdadeiro com a vida da outra pessoa. Não foi algo feito por fazer nem por obrigação, mas, sim com zelo com amor. Uma atitude de alguém que realmente se importa, de uma pessoa muito abençoada por Deus. Todos nós somos chamados e chamadas a ser Bom samaritanos (as). Algumas pessoas inclusive são chamadas a escolher profissões que encarnam muito bem essa missão, que são enfermeiras, médicos, cuidados de pessoas etc. são profissões lindas que estão voltadas ao cuidado com as pessoas. Assim somos chamados a nos tornar próximos aproximando-nos dos necessitados.
       Ter compaixão é entender a dor da outra pessoa, colocar-se junto com ela, entendendo aquilo que está passando. Essa compreensão leva ao desejo de ajudar, partilhando o peso da dor. O mundo seria bem melhor se as pessoas tivessem mais compaixão, guerra, fome, miséria e violência seriam menores ou não existiriam. Jesus nos mostrou através das suas ações e palavras que a compaixão é a única forma de chegar à salvação, sem compaixão estamos esvaziados de Deus. Nossa sociedade está doente, por isso tantas mazelas estão acontecendo ao mesmo tempo se perdeu ou algumas pessoas nunca conseguiram sentir compaixão, nem por si mesmas e tão pouco pelas outras pessoas. A compaixão é mais forte que o jejum, mais poderosa que a oração ela nos faz transcender nosso próprio egoísmo permitindo que o amor e a doação sejam as armas para lutar contra o pecado do mundo. Compaixão e a misericórdia não devem ficar reduzidas a uma mera ajuda paternalista que eu faço só para tranquilizar minha consciência e fingir que eu cumpro o que o evangelho pede. A compaixão e a misericórdia precisam ser verdadeiramente interiorizadas, para se tornarem um princípio de atuação e de ajuda solidária a quem sofre. Como diz o teólogo Jon Sobrino o princípio da misericórdia deve se apresentar não como uma virtude a mais, e sim como uma atitude radical de amor que deve inspirar a atuação do ser humano diante do sofrimento das pessoas. 
]]>
<![CDATA[Nossa experiência com Jesus não pode ficar calada]]>Mon, 17 May 2021 18:27:02 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/nossa-experiencia-com-jesus-nao-pode-ficar-calada​     O livro Atos dos Apóstolos é o segundo livro escrito pela comunidade de Lucas, pretende mostrar que os ensinamentos e ações de Jesus continuam e devem continuar nos ensinamentos e ações do cristianismo. No Evangelho da comunidade de Lucas, vemos as ações de Jesus desde o começo até o dia em que foi levado para o céu, no livro dos Atos temos a as ações práticas da Igreja apostólica cristã. Atos já no início nos convida a ser “amigos” de Deus através da prática do amor, por isso é oferecido a Teófilo esse nome certamente tem caráter simbólico, querendo identificar todos os cristãos como aqueles que amam a Deus seguindo o Caminho e a inspiração de Jesus. A palavra “testemunho” é como um fio que amarra os dois livros que compõem a obra lucana. O evangelho de Lucas encerra falando desse testemunho (24,48). E aqui Jesus renova o compromisso dos discípulos (v. 8b). Nos Atos, após o Pentecostes, eles não cessam de repetir que são testemunhas (At 2,32; 3,15;4,33; 5,32; 13,3; 22,15). O testemunho, segundo os Atos dos Apóstolos, vai se espalhando a partir de Jerusalém, onde Jesus se tornou inspiração e deu testemunho final com a morte e ressurreição, sua mensagem atinge a Judéia e a Samaria (At 8,1-8) e chega aos confins do mundo (as viagens de Paulo). A Ascensão é o coroamento da caminhada libertadora de Jesus, a plenitude de sua Páscoa. Para nós cristãos esse evento tem um sinal-esperança capaz de sustentar nossa fé e nossas lutas no caminho deixado por Cristo.
     Essa experiência de encontra-se com Jesus não pode ficar calada. Quem experimentou vivenciar Jesus cheio de vida e compaixão sente a necessidade de compartilhar com outras pessoas, transmite o que vive. Isso é tornar-se testemunha de Jesus. A testemunha comunica sua própria experiência, não precisamos crer teologicamente em Jesus, muito mais que isso precisamos vivenciá-lo e, quando vivenciamos como os cristãos e cristãs do Atos do Apóstolos na prática verdadeira, encontramos as repostas para muitas das nossas perguntas e questionamentos. Percebemos como essa experiência nós faz crescer como pessoas, como criaturas de Deus. Este também é o sentido do movimento criado pelo arcebispo de Cantuária chamado Venha o teu Reino. É um movimento de oração e reflexão realizado entre a ascensão e pentecostes, para que possamos chamar as pessoas a viver de fato essa experiencia com Jesus. Conhecer Jesus não é só ler a bíblia e orar é muito mais do que isso é viver em comunidade com amor, é viver em compaixão como Jesus viveu, importar-se com quem está próxima. Esse é o sentido verdadeiro do “Venha a nós o teu reino.” Não há lugar no cristianismo para individualismos ou personalismos, ou vivemos e crescemos como comunidade de fé e como pessoas comprometidas com o caminho do Senhor, ou não estamos seguindo. 
     Existe muitas dúvidas e perguntas, como Deus pode permanecer passivo diante de tantas desgraças físicas, tragédias, pandemias, violências, injustiças e morte? Realmente é impossível obter uma resposta quando a pessoa não consegue enxergar a mecânica da criação, como funciona. Um Deus criador que respeita sua criação e as leis que regem este mundo, e que nos deu acima de tudo o livre arbítrio e a liberdade de viver de acordo com as consequências dos nossos atos, não pode agir por mágica ou de acordo com os desejos das pessoas e sim através de um projeto para todos. O problema da salvação não está em quem vai ser salvo ou não, se existe ou não o inferno. Mas sim, em nossas decisões e como vivemos nossa vida, como dedicamos nosso tempo e de que forma vivemos, como nos doamos e a quem nos doamos. Esta resposta já foi dada por Jesus, o amor e paz são o caminho para completar o projeto do Mundo de Deus.]]>
<![CDATA[4º Domingo da quaresma ano B]]>Fri, 19 Mar 2021 15:17:54 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/4-domingo-da-quaresma-ano-bHomilia de João 3. 14-21

​​O Evangelho de João nos mostra um estranho encontro de Jesus com um importante fariseu chamado Nicodemos. Ele, Nicodemos vai ao encontro de Jesus de noite. Para ele Jesus é um homem enviado por Deus. Mas ainda assim encontra-se em dúvida, em meio as trevas Jesus vai conduzindo Nicodemos a Luz.
Nicodemos representa todas as pessoas que procuram jesus, desta forma Jesus prossegue sua pregação, convidando as pessoas para saírem das trevas a Luz. Deus não enviou Jesus para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele, é muito importante termos isso mente. A cruz aqui não é sinal de morte, mas sim vida plena e remissão, sinal e mensagem de amor, seus braços abertos são para acolher as pessoas pobres e de vidas desgastadas pelos sofrimentos deste mundo. Ao contemplar a cruz de Jesus podemos ver aquele que olhou com ternura para os pecadores e prostitutas, que gritou e se indignou contra os abusos e injustiças.
Da mesma forma que olha para o nosso Brasil hoje, mais de 250 mil vidas perdidas, milhares de pessoas abaixo da linha da pobreza, fome e desemprego. Somos responsáveis por 10% das mortes por covid do planeta, tudo isso graças a gestores públicos que não tem compromisso com a maioria da população. De acordo com o trecho da Carta emitida esta semana pela Câmara Episcopal: “A falta de medidas de isolamento e a flexibilização irresponsável por parte de prefeitos e governadores, atendendo a interesses econômicos em detrimento da vida, permitiu a retomada da curva de infecções de forma ainda mais rápida, transformando-se numa calamidade nacional e um risco para a saúde global. Desde a última carta que expedimos, recomendando protocolos para reuniões, passamos de 150 mil mortes para 270 mil mortes. Levando-se em consideração o aumento da epidemia e a capacidade de resposta pelo SUS, estamos em colapso sanitário nacional. A lentidão das respostas dos gestores, que também tem levado ao negacionismo irresponsável de parte de nossa população, tem provocado esta catástrofe e impede que medidas mais drásticas e eficientes sejam tomadas, tanto em relação à prevenção, quanto à vacinação. O Brasil está a um passo do isolamento por parte de outras nações do mundo. Estamos na liderança do número de pessoas infectadas, o que é um péssimo sinal. Somente uma ação radical de isolamento, a manutenção exclusiva de atividades realmente essenciais e a vacinação em massa poderão reverter esta situação.”
Deus ama a todas as pessoas, não só aqueles que pertencem a comunidades cristãs, em seu amor todos estão inseridos, não é possível deixar ninguém de fora, da mesma forma aqueles que amam a Deus não podem deixar de se preocupar com os que sofrem e passam necessidades. Ele habita em todo ser humano, não deixando ninguém abandonado. Deus sofre na carne dos famintos e negligenciados, dos que perderam suas vidas na pandemia, ele sofre junto com aqueles que perderam familiares, ele sofre ao ver negado a seu povo ajuda emergencial, sofre com a ganância dos governantes quando preferem ajudar empresas e bancos ao invés de ajudar a população, ele sofre ao ver tanto descaso pela vida.
Jesus nos convida a nos relacionarmos com esse Deus misericordioso e humano, nos deixa muito próximos dele, Jesus nos revela Deus Pai e que as maiores características de Deus não são seu poder e sua força, mas sua misericórdia e bondade. Jesus mostra que Deus tem um projeto, construir com todos os filhos e filhas um mundo mais humano e fraterno, justo e solidário e nos convida a participar como Igreja deste projeto que ele mesmo chama de reino de Deus.

]]>
<![CDATA[3º Domingo após a Epifania (Mc 1, 4-11)]]>Thu, 28 Jan 2021 19:35:28 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/3-domingo-apos-a-epifania-mc-1-4-11O Evangelho hoje diz que não há mais tempo de esperar, Jesus convoca aqueles que se dispõe a anunciar o reinado de Deus que é transformação de vida para todas as pessoas. Jesus é muito diferente de outros mestres da época. Ao invés dos discípulos pedirem para seguir o mestre é ele quem os convoca para missão. Pedro, Tiago e João ao escutar o chamado de Jesus não hesitaram largaram tudo e o seguiram. De forma igual Jesus convida a todas as pessoas continuamente a partir do nosso batismo somos convocados a serem fazer Igreja para o reino de de Deus. Não importa qual seja nossa situação, não importa qual seja a nossa profissão ele nos convida a segui-lo onde estamos, nos convida a ser exemplos de amor e humanidade aonde estivermos. Em casa, no trabalho em nossa profissão em qualquer lugar e situação podemos  ser exemplos de um cristianismo vivo e verdadeiro.
O mundo vive hoje de forma muito cara a pandemia da covid 19. Muitas  coisas mudaram e ainda vão mudar. Mesmo diante de tanta imperícia e falta de atitude do governo, nós podemos ver pessoas com ações de amor e solidariedade. Profissionais da área de saúde que se doam completamente, muitas vezes trabalhando além do que deveriam, muitos sendo voluntários cuidando dos doentes, cuidando das pessoas. Essa atitudes são atitudes em prol do reinado de Deus. Não existe nada mais cristão do que cuidar dos outros. Muitos desses profissionais desistem de estar com suas famílias para ir para a linha de frente, correndo riscos. Isso é atender ao chamado de jesus, é isso que ele quis dizer quando disse o meu reinado é de paz e amor é mudança de mente, para uma nova consciência de amor e doação, porque foi o que Jesus fez durante todo o seu ministério, ele se doou para as pessoas. Mesmo diante de tanto sofrimento e perdas sempre devemos olhar com esperança porque Deus está conosco, ele nunca nos abandonará.
Existem muita literatura da teologia que buscam definir a “essência do cristianismo.” Contudo, para conhecer a espinha dorsal de nossa religião não precisamos recorrer a nenhum teoria, basta  olhar e ver nos evangelhos como Jesus guiou sua vida, o que era importante para ele, qual seu objetivo e qual causa ele dedicou toda a sua vida. Quando as pessoas praticam a humanidade a justiça, solidariedade, compaixão, fraternidade e paz, estão trabalhando para a causa do reinado de Deus. E foi isso que Jesus fez e pediu. A única forma de olhar a vida na visão de Jesus é olhar como ele olhava, sentir como ele sentia, o único modo de agir e agir como ele agia, orientando a vida para que tenhamos um mundo mais humano, com menos ódio sem violências.
Evidente que não é um caminho fácil manter-se orientado para o reinado de Deus, mas quando trabalhamos nesta direção, podemos sentir que a fé se transformaf se torna mais criativa e sobretudo, mais evangélica e mais humana.
]]>
<![CDATA[HOMILIA DO NATAL]]>Sat, 02 Jan 2021 19:57:29 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/homilia-do-natalO evangelho de João proclama Jesus como a Palavra , verbo o logos. Deus assume nossa própria carne para fazer-se um de nós, e nos mostrar como ele realmente é e o que ele quer de nós. Para nós que somos cristãos o que Deus realmente representa? Qual a importância de sua palavra para nossa vida? O quanto seguimos no seu caminho? Precisamos ter me mente bem claro se estamos dispostas a receber o Cristo e sua palavra e principalmente se queremos seguir o caminho de Jesus. 
O evangelho diz “a palavra de Deus se fez carne” ele quer comunicar-se conosco, sua mensagem é muito simples é uma mensagem de amor e entrega, não há outro caminho a seguir se não for o caminho do amor. Amor a Deus aos nossos irmãos e irmãs, as pessoas próximas, aos que necessitam, amor ao mundo. 

Diferente dos outros três evangelhos que narram o nascimento de Jesus, os pastores, o presépio, Maria, José e o menino, no Evangelho de João somos convidados a penetrar mais profundamente nos mistério de Deus. A palavra de Deus vem ao mundo, através do Cristo para iluminar a todos e todas. Temos um Deus que se fez homem, identificado com nossas fraquezas, sofrendo nossos problemas. Mesmo assim ainda procuramos buscar Deus no céu, quando ele está aqui embaixo bem perto de nós. Veio aos seus, mas o seus não o aceitaram, Deus continua a buscar acolhida em nossos corações. O orgulho, raiva, ódio e o rancor nos deixam cegos e nos fecham para Deus.
Neste natal muitas famílias estão passando separadas, muitos pais que não abraçam seus filhos, irmãos que não se confraternizam, a pandemia impediu muitas coisas, talvez muitos sonhos tiveram que ser adiados, muitas coisas mudaram e ainda mudarão em nossas vidas. Primeiro, precisamos ter consciência, de que o número de vítimas e pessoas infectadas só tem aumentado e que enquanto não houver vacina para todos e todas é importante manter-nos o máximo possível afastados para impedir que o vírus avance ainda mais, observando as normas e protocolos. Isso é um sinal de amor e cuidado agindo com solidariedade com aqueles que amamos. 

​Uma certeza podemos ter, ele está conosco, não podemos nos afastar de Deus e permitir que o medo nos afaste da oração e do culto é neste momento que precisamos nos unir em oração e cuidado por todos. Deus está no íntimo de cada um de nós, ele é presença real em nós. Esta presença não pode ser captada pelos nossos sentidos, ela e percebida quando silenciamos em oração, quando olhamos para dentro de nós mesmo e percebemos que ao nosso redor existe a Graça de Deus e que ela é algo presente e constante. Viver é acolher de forma responsável essa o maior dom que já recebemos, a própria vida. Nem sempre pensamos assim, na maioria das vezes achamos que a vida é algo que nos é devido, somos os donos dela. Pensamos que o certo é que tudo seja feito em função de nós mesmos, tem gente que pensa que Deus tem que atender nossas vontades porque nos me criou. Sem se importar com os outros. Assim nos fechamos para Deus e nos tornamos incapazes de acolher sua graça. Um dos nossos grandes pecados é viver sem acolher a Luz.]]>
<![CDATA[Pregaçção do Domingo de Cristo Rei]]>Mon, 23 Nov 2020 13:44:06 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/pregaccao-do-domingo-de-cristo-rei(Mt 25,14-30) 
       As relações humanas têm uma intima dimensão transcendental, ou seja, estão intimamente ligadas a plano divino. No sermão da montanha Jesus nos apresenta os requisitos para aqueles que querem entrar no reino de Deus, os pobres em espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os promotores da paz e os perseguidos por causa da justiça. Na parábola do juízo final ele nos diz como devem agir os filhos da luz. Alimentar os famintos, matar a sede dos necessitados, vestir e aquecer aqueles que sofrem de frio, visitar os encarcerados, dedicar-se aos doentes levando conforto e oração, acolher os imigrantes e refugiados. Todos os marginalizados, injustiçados e excluídos são aqueles pelos quais os obreiros do Reinado de Deus deve estar a serviço. Os filhos das trevas são aqueles que lutam contra o projeto da salvação, são os opressores aqueles que agem de forma tirana contra os princípios do evangelho. Eles estão a favor de um sistema que subjuga, desumaniza produz dor e morte.
       O reinado de Deus é atacado todos os dias, todas as vezes que há falta de amor e a injustiça acontecem são contrárias a ele. Racismo, misoginia, LGBT+ fobia, machismo, toda e qualquer violência, crimes de ódio são manifestações contrárias ao Evangelho redentor. A morte  de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, espancado e morto por dois seguranças de um supermercado Carrefour em Porto Alegre, nos revelam como ainda estamos muito longe de Deus, como a impunidade e a injustiça ainda crescem em nosso meio, alimentada por discursos de ódio e por um sistema histórico cultural opressor e assassino. Aqui em nossa cidade uma mulher negra, a professora Ana Lúcia Martins, eleita vereadora no último domingo foi ameaçada, crime de racismo e ameaça de morte, temos que pensar, para onde estamos caminhando? Parece que o ser humano tem e esquecido que Deus é amor, nós precisamos lutar contra esse tipo de atitude, precisamos lutar contra todo e qualquer cultura e pensamento de violência e morte. Não precisa ser negro para combater o racismo, não é preciso ser mulher para combater o machismo, não precisa ser LGBT para combater o preconceito. Precisamos fazer isso em nossas casas, igrejas, locais de trabalho em rodas de conversa, combatendo toda e qualquer forma de preconceito e violência, como filhos e filhas de Deus não podemos permitir que a maldade e a tirania tenham espaço, porque queremos construir a paz. A solidariedade, a misericórdia e o amor, que é o fermento do reino de Deus.
       Não dá para ser morno com a injustiça, não da pra permitir que ódio e preconceito continuem sendo praticados todos os dias cada vez mais, nas igrejas em nossas escolas e espaços públicos. Isto é a semente do ante Evangelho crescendo no meio de nós. Quem quer seguir Jesus precisa ter consciência que não há lugar para dúvidas, nossa fé precisa ser fundamentada no amor e no agir em prol do amor. A intolerância começa quando se tolera o preconceito e se cala diante da maldade.
]]>
<![CDATA[November 09th, 2020]]>Mon, 09 Nov 2020 13:27:12 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/november-09th-2020<![CDATA[Lâmpadas acessas]]>Mon, 09 Nov 2020 13:19:45 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/lampadas-acessas(Mt 25. 1-13)
     As leituras que vão se aproximando do fim do ano litúrgico e início do advento são leituras de caráter escatológico que falam da morte e da segunda vinda de Jesus. Na metade do I século os cristãos ainda esperavam a segunda vinda de jesus. Mesmo hoje algumas pessoas insistem em anunciar que jesus está chegando. O mesmo jesus que disse, e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. (Mt 28:20b). A comunidade de Mateus talvez estivesse passando por momentos críticos para aqueles que seguiam Jesus, sua vinda estava atrasada, talvez a fé de alguns estava ficando relaxada, era necessário reavivar a presença de Jesus relembrando de uma parábola.
     Muitas pessoas têm vivido e anunciado a chegada de Jesus e do reino de Deus, centenas de pessoas vivem atormentadas com medo do juízo final, da condenação eterna, onde todos serão julgados pelos seus crimes e seus pecados. Para essas pessoas o reinado de Deus ainda não chegou, estão tão implicadas em si que não conseguem perceber que esse reinado já está aqui presente no meio de nós, e que nós somos o tijolo e a argamassa é o amor. Jesus já disse, eu estou com vocês até o fim dos tempos, o espírito Santo de Deus nos anima a caminhar na esperança de um novo céu e uma nova terra, que começa aqui, agora, exatamente agora nós estamos vivendo o reinado de Deus. A parábola das dez mulheres é um convite para aderir uma vida cristã de maneira responsável. É pura irresponsabilidade chamar-nos de cristãos sem viver a própria religião, sem nos esforçar para nos parecer com Cristo. É pura ilusão achar que só porque vamos a Igreja estamos fazendo a vontade de Deus. Se não houver uma verdadeira conversão aos valores evangélicos, não há religião verdadeira. Muitas pessoas se acham seguidoras de Jesus sem entrar no projeto de Deus.
     Isto se expressa através daqueles que se colocam a serviço do amor, dedicando-se aos outros e outras. Ao contrário daqueles que rejeitam o acesso ao pão não partilhando-o, que se deixam levar por um poder que não é serviço e ao privilégio de uma elite, não estão caminhando em direção a esse reinado. É o Espírito Santo que junto conosco guia e sustenta a missão, exatamente como guiou Jesus na sinagoga de Nazaré a proclamar de que a boa nova deve ser anunciada aos pobres, os oprimidos devem ser libertados, dando vista aos cegos anunciando um mundo de Graças aos endividados.
     O Evangelho de hoje nos diz que não podemos esperar passivamente o dia da morte ou volta do Senhor. Precisamos dar sentido a Palavra de Deus. É preciso estar sempre com as lâmpadas acessas, deixar para a última hora não é sensato, podemos perder a oportunidade de entrar. A parábola das dez virgens nos leva a essa reflexão. Na época de Jesus era comum na cultura judaica, depois de mais de um ano de noivado celebrar a festa de casamento na qual a noiva era conduzida até a casa do noivo onde acontecia um banquete, não era uma cerimônia religiosa, o noivo buscava a noiva na casa de seus pais afim de conduzi-la a sua casa para a festa, estes rituais iniciavam ao pôr-do-sol e iam até a madruga, por isso a necessidade de lâmpadas para iluminar o caminho. Dar sentido a vida presente e não ficar esperando pela vida futura nos faz sentir e experimentar aqui e agora a plenitude de uma vida com Deus é este o azeite representado na leitura, ele alimenta o fogo e produz luz. Devemos iluminar nossas consciências, dar clarividência a mensagem de Jesus, o amor é o azeite que manterá aceso o fogo divino dentro de nós. ]]>
<![CDATA[Os Marginalizados/as entrarão primeiro no Reinado de Deus]]>Mon, 28 Sep 2020 13:55:58 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/os-marginalizadosas-entrarao-primeiro-no-reinado-de-deus​            É importante situar que Jesus não tinha nenhuma formação rabínica, pelo menos os escritos sagrados não apontaram para isso.  Jesus era filho de um carpinteiro e vivia em uma região muito simples de Israel, ele praticava os preceitos judaicos e tinha uma vida muito simples, no início de seus ministério  foi morar em Cafarnaum, uma região de pescadores, portanto pessoas simples do povo, também era uma cidade de coletoria de impostos, que eram considerados abusivos pelo povo que estava sob domínio do império Romano. Os coletores de impostos eram considerados pecadores e ladrões pelos judeus, pois podiam cobrar altas taxas como melhor lhes aprazia. Jesus também não pertencia a nenhuma casta de levitas ou sacerdotes do templo, não tinha recebido nenhuma ordenação. É por isso que os sumos os sacerdotes perguntam com que autoridade ele pregava.
        
         Neste momento Jesus começa a seguir em direção a Jerusalém, ou seja, ele inicia o caminho da cruz. No Templo ele denuncia a hipocrisia e o falso Culto, onde a corrupção e a sede pelo poder e por dinheiro são as coisas mais importantes para os sacerdotes, essa denúncia já havia sido precedida por Jeremias “Este Templo, onde meu Nome é invocado, será porventura que se tornou um covil de ladrões para vos reunirdes? Muito cuidado! Eis que eu mesmo estou observando tudo isto!” Palavra do SENHOR. (Jeremias 7,11). A idolatria ao dinheiro, usando o nome de Deus em benefício próprio já vem desde o antigo testamento, não é só nos dias de hoje que vemos pessoa manipulando a palavra de Deus e enriquecendo às custas de uma falsa pregação que promete bens e prosperidade, Jesus foi totalmente contra esse tipo de prática.
A parábola dois filhos é muito simples e objetiva. O importante para Deus é o “fazer”, responder o chamado, mais uma vez Jesus nos chama atenção para a missão e o discipulado. Aquele que ouve e diz sim, mas não coloca em prática é como o filho que ouve o chamado do pai e diz, sim eu vou fazer mas, não faz. Já o outro ouve responde “não”, se esguia por um tempo e depois coloca-se a fazer, esse representa aqueles e aquelas que mesmo tarde respondem com amor ao chamado de Deus.
         Os cobradores de impostos e as prostitutas disseram não a Deus, vivem à margem, são excluídos e excluídas do Templo. Quando Jesus lhes oferece seu amor e amizade, escutam o chamado e o colocam em prática, para estes o Reinado de Deus já está acontecendo. São muitos os que vivem à margem hoje, em uma sociedade moralista e preconceituosa que vive do faz de conta. Muitas pessoas que se dizem cristãs, religiosos e religiosas evocam para si o direito de condenar os outros, lançar no inferno ou no céu, quando na maioria das vezes essas mesmas pessoas que condenam usam de práticas e pecados bem piores, vivendo uma vida de aparências e vazia. Neste Caminho de Jesus estão muito a frente os desesperados aqueles que a sociedade já julgou e penalizou, muito mais a frente do que muitos religiosos e religiosas que se colocam a serviço do poder. Neste caminho não adianta professar e prometer é preciso fazer, colocar-se em ação. O Bom discípulo é aquele que se pergunta todos os dias, o que eu posso fazer pelo reino de Deus hoje?
         Um coração aberto a Deus que busca o seu amor e disposto a arrepender-se de seus erros é muito mais valioso do que um coração cheio de ódio e rancor, no qual a boca está cheia de orações e salmos, decora versículos e passagens bíblica com facilidade, mas, sua prática é vazia e não agrada a Deus. A verdadeira prática que agrada a Deus é aquela que leva o Evangelho de jesus a prática, que encarna, vivencia de forma clara as palavras de Jesus, todos os dias, mesmo que seja um pouco, com simplicidade e amor a todas as pessoas.
 
]]>
<![CDATA[Podemos ser melhores]]>Mon, 07 Sep 2020 13:51:16 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/podemos-ser-melhores     Sabemos que onde existe a ação humana existe também as tensões e os desentendimentos, que na verdade são muito naturais. A comunidade de Mateus, que foi quem escreveu este evangelho estava passando por um período muito obscuro, sobretudo para a história da religião judaica da qual os primeiros seguidores de Jesus faziam parte. Pelos anos 70 d.c. aconteceu a destruição de Templo de Jerusalém, o judeus se viram obrigados a flexibilizar sua liturgia, pois como não havia mais templo, não se podia mais oferecer sacrifícios litúrgicos e tão pouco orações, isso dentro da ótica de alguns círculos judaicos da Palestina naquela época. Por isso o Evangelho afirma que onde estiverem reunidos duas ou três pessoas ali há a presença de Deus, um preceito que não era o mesmo para o judaísmo, que exigia que  ao menos dez homens estivessem presentes para ser realizada uma oração.
     Jesus fala de reconciliação, ao contrário de muitas interpretações qie são feitas desta pericope, ele não pede que a comunidade exclua ninguém, a comunidade deve participar do processo de reconciliação, quando há tensões, a comunidade precisa se envolver no processo de reconciliação e não afastar a pessoa, ou criar novos grupos separados, como se quisesse se ver livre do problema. Até porque não existe uma comunidade de santos e santas, somos todos pecadores, erramos e precisamos da Graça de Deus, por isso buscamos a Igreja, que não é um lugar de santos e santas e sim deve ser um lugar onde se busca a solidariedade e a reconciliação. “Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento” (Mc 2:17).
     Mais adiante Pedro pergunta a Jesus, Senhor quantas vezes devo perdoar meu irmão? Setenta vezes sete disse Jesus (22), ou seja, muitas vezes até infinitamente, pois o pecado (erro) faz parte de uma educação pedagógica, pela qual todos nós precisamos passar em busca da santificação (Theósi). Isso não significa que devemos ser permissivos ou dar anuência ao pecado, pensando que podemos pecar o tempo todo porque Deus perdoa. Não é esse o sentido, precisamos entender a nossa fragilidade humana, o processo terapêutico só se inicia realmente, após a consciência do pecado e o verdadeiro entendimento de que é preciso mudar, alterar a rota e buscar o amor de Deus.
     Podemos ser melhores? Podemos mudar nossa vida de maneira decisiva? É possível mudar nossas atitudes? A resposta é sim podemos, fazendo a reflexão interior adentrando dentro de nossas consciência para mudar, transformar a vida, buscando sempre o entendimento de que podemos ser melhores que é possível encontrar sentido. Esse sentido está intimidante ligado em como nós enxergamos a Deus e como somos levados a prática do amor verdadeiro e desinteressado.
]]>
<![CDATA[Deixemos de lado as grandezas deste mundo]]>Mon, 31 Aug 2020 23:47:33 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/deixemos-de-lado-as-grandezas-deste-mundo(RM 12: 9-21)                                                                                                                                                                     Paulo nos expõe o ideal cristão neste trecho de hoje, não como mandamento nem tão pouco como imposição, mas, como uma exortação, para que nossa fé e conduta sejam balizadas pelo principio do Evangelho de Jesus. A comunidade cristã em Roma era constituída ainda de muitos judeus, que estavam iniciando sua caminhada no Movimento de Jesus. Era importante que ficasse claro que a ótica cristã não estava baseada na lei do antigo testamento a lei do talião, olho por olho dente por dente, a qual se podia fazer justiça com as próprias mãos. Não foi esse o modelo deixado pelo Cristo, antes sim o da solidariedade, tanto que Fé e solidariedade são os pontos fortes e basilares destas recomendações.
     Que o amor seja sem fingimento, seja verdadeiro desinteressado, algo que precisa ser copiado e praticado dentro das nossas comunidades, olhando-nos e nos vendo como irmãos e irmãs em Cristo como partes de um mesmo corpo, como se fossemos partes de uma máquina, uma estrutura na qual cada peça, cada pessoa tem uma ocupação para que todo esse corpo possa trabalhar, para que cada um desenvolva suas funções de forma a contribuir com o todo, que em nosso caso é a Igreja, a paróquia a comunidade que pertencemos. Não tem como distorcer esta exortação ela é clara e muito objetiva, cada um doe seus dons a serviço da comunidade, isso se chama discipulado, quando ouvimos o chamado a vocação devemos nos colocar a obedecer. Como podemos ser úteis? De que forma eu podemos ajudar a comunidade que participamos ou sou simpáticos/as? 
     Isso é ser sal da terra e luz do mundo (Mt 5: 13-14). É a característica do cristão, colocar-se a serviço, olhar com compaixão e solidariedade para os outros/as. A solidariedade deve ser sempre a base a estrutura do para quem quer discipular, isso não pode ser barganhado, não tem substituição, ou é ou não é, tanto que a solidariedade e a partilha não podem ser medidas, elas precisam ser generosas, é marca dos cristãos.
     Depois vem algo um pouco mais difícil, abençoai os que nos amaldiçoam, desejar o bem para quem nos deseja mal. Como é difícil para o ser humano, como nos exige isso, muito mais que a solidariedade, a compaixão e o perdão são algo muito caros para o ser humano, estamos tão enraizados em nosso ego, tão centrados em nós mesmos que é difícil vencer o orgulho. Estamos acostumados a revidar, agir imediatamente, é tão cultural isso aprendemos desde crianças se alguém nos bate ou faz algum tipo de mau nossa primeira reação é devolver a raiva algo tão instintivo e profundo. Não é algo que se vence assim tão rápido, demanda tempo e uma grande observação de si mesmo/a. Através da oração, da meditação e da prática de vida comunitária, agindo com empatia conseguimos alcançar melhores resultados, e com o tempo as ações ruins das pessoas já não nos incomodarão e começaremos a sentir o verdadeiro sentimento do qual Jesus nos fala que é compaixão.
     Outra exortação muito difícil para nós, sobretudo na sociedade des-humana de hoje, é não aspirar a grandezas, ou seja, grandes riquezas. Paulo nos instrui a subverter o princípio da acumulação tão forte no pensamento atual. A lógica vigente nos leva ao ter pelo ter e quanto mais se tem mais se quer. É quase que doutrinal isso, as pessoas aprendem desde pequenas, está no cerne de nossa educação individualista e contra evangélica. A competição é estimulada o tempo todo, parece um jogo onde cada oponente deve  ganhar mais pontos e ao final, se possível, para vencer o jogo matar os outros jogadores, esta é a lógica cada vez mais desejada e praticada no mundo. Pessoas como Jeff Bezos, dono de um império milionário, que nesta semana alcançou a cifra de 200 bilhões de dólares é que são as figuras modelos a ser seguido dentro dessa proposta gananciosa da acumulação. Enquanto milhares de seus empregados ganham salários de fome trabalhando horas longe de suas famílias, lutando para sobreviver, um pequeníssimo grupo que detém o poder e o dinheiro goza de uma vida cheia de privilégios a grande maioria passa fome e necessidades, totalmente contra a lógica evangélica da partilha e da igualdade, lembrando o que disse Jesus “O reinado de Deus e Paz e Justiça.”
     Não podemos nos deixar vencer pelo mal, não podemos nos permitir ser seduzidos/as pelo farisaísmo e a insensibilidade, precisamos agir como pediu Jesus, resistir a maldade, pagar o mal com o bem, essa sem dúvida é a verdadeira Graça da vida Deus. Sejamos mais humanos e menos mundanos.
]]>
<![CDATA[A Mulher Cananéia]]>Mon, 17 Aug 2020 13:13:11 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/a-mulher-cananeia (MT 14: 22-32)                                                                                                
     A passagem  do evangelho que acabamos de ouvir nos revela um Jesus mais humano, este é o único momento nos Evangelhos em que Jesus perde uma argumentação, aqui os papéis se invertem e é a mulher cananeia que ensina jesus, ele sempre tem uma resposta, deste vez a resposta é dada pela mulher estrangeira.
   Do ponto de vista histórico teológico é preciso entender que as comunidades na época em que o evangelho foi escrito estavam passando por imensas dificuldades, disputas internas, xenofobia pois, os judeus discriminavam os gentios, lembrando que haviam ainda no seio das comunidades a questão judaizante, a discussão se os novos seguidores de Jesus, os não judeus,  deviam ou não se submeter as leis e tradições judaicas. Estas discussões causaram profundas divisões nas comunidades cristã recém nascidas.
     Neste contexto, Jesus está fora do território de Israel e encontra-se com uma mulher estrangeira, para a época é muito subversivo, falar com uma mulher, pois a mulher era considerada objeto, posse e ainda um ser impuro, além de tudo estrangeira, isto piora muito a situação se olhada do ponto de vista dos nacionalistas judeus da época. As palavras de jesus foram duras, fortes, bem aliadas ao pensamento machista e religioso da época, pois os judeus odiavam os fenícios e suas tradições, se achavam eleitos e um povo muito superior aos outros. Jesus diz: “Não é correto pegar o pão dos filhos e jogá-lo aos cães (vs.26).” Para os judeus os povos estrangeiros eram tidos como cães, como seres imensa inferioridade. Jesus se coloca como aquele que veio apenas para os filhos de Israel. É uma passagem obscura, mas, ao mesmo tempo elucidativa porque revela a humanidade de Jesus e ao mesmo tempo seu senso de humildade e o quanto ele vai evoluindo em seu ministério. Corrigido pela Mulher sírio fenícia Jesus se emenda imediatamente, passando por cima e abolindo as severas leis de pureza ritual que proibia que judeus comecem com pagãos. Jesus torna acessível a todas as pessoas a Graça de Deus.
     Jesus está sempre muito atento a vida, que é pura manifestação da presença de Deus. Jesus olha com muito cuidado aos pequenos e desamparados, porque eles são os principais convidados do Reinado de Deus que é para todos e todas.
     Essa passagem nos leva uma reflexão, como agimos com as pessoas diferente?  Como agimos com aqueles e aquelas que não estão de acordo com nossas convenções ou ideias? Muitas pessoas agem com imensa violência contra pessoas diferentes, contra outros tipos de religião que não sejam aquelas que achamos moralmente aceitável. Muitas vezes achamos melhor expor e condenar, ideias ou condutas que achamos erradas do nosso ponto de vista, as que não aceitamos ou que nosso filtro do ‘senso comum’ não acham adequadas, então, repudiamos com tal força e veemência o que não entendemos e não queremos entender ou por algum motivo nos incomoda. É mais fácil do que aceitar e conviver com o diferente.
  Jesus nos faz um convite a sermos integrantes dessa nova ideia deste novo modelo de vida, renunciando o preconceito e toda e qualquer ausência de amor nos despindo de qualquer orgulho afastando de nosso convívio o egoísmo e a ganancia para vivermos o plano de Deus que é vida, eu vim para que tenham vida e a tenham em abundancia do grego (περισσὸν) perisson, muito além da medida a vida que ele nos oferece é plena, digna onde todas as pessoas são iguais diante de Deus, não tem judeu nem grego, pobre ou rico, homem ou mulher pela Palavra que é viva e liberta Jesus revela o mistério mais profundo da vida que é a alegria de vive-la em toda a sua intensidade e simplicidade. Deus está na alegria. Segundo Rubens Alves, o diabo está sempre vestido de paletó e gravata, ele não sabe contar piadas e nem sabe dançar: é o espírito da gravidade. Deus ao contrário, a oração já começa no riso. Aqueles que levam as coisa tão seriamente e tudo com profunda gravidade estão muito fora da Graça de Deus, se tornam inquisidores julgando e condenando a tudo e todos. Não nos esqueçamos Deus é amor onde há amor, Deus aí está.

]]>
<![CDATA[Coragem, não tenha medo!]]>Sun, 09 Aug 2020 21:34:43 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/coragem-nao-tenha-medoco  (MT 14: 22-32)                                                                                                                                                                                                                                                                                          
     No capítulo 8 do Evangelho de Mateus Jesus acalma a tempestade, na leitura de hoje, todo o acontecimento se dá enquanto em meio a uma forte e violenta tempestade. É como se Jesus estivesse ensinando seus discípulos que haveria momentos que as futuras comunidades passariam por momentos difíceis, turbulências, perdas, perseguições.
     Em nossa vida parece haver momentos em que tudo dá errado e acabamos sendo tomados pela ansiedade e pelo medo. Normalmente temos medo daquilo que não conhecemos, neste momento muitas pessoas estão com medo do futuro, diante de tantas incertezas. Famílias estão separadas pelo distanciamento físico ao COVID 19. Filhos e filhas estão longe de seus pais, muitas famílias passaram o dia dos pais separadas, somos impedidos de abraçar e beijar as pessoas que amamos, de sentir o calor e o conforto do abraço. Porém não devemos nos esquecer que Deus está presente e sempre podemos nos sentir seguros por sua mão. Percebendo que Pedro tinha medo Jesus diz: Coragem não tenha medo, eu estou aqui, segura na minha mão, vem e caminha comigo. Ele queria transmitir força e segurança, Pedro podia confiar porque ele estava ali. Assim é Deus em nossa vida, precisamos acreditar e confiar em sua infinita misericórdia e grande amor por nós. Pedro não sabia quem estava ali, se era Jesus ou um fantasma, mas ele queria comprovar que também podia caminhar chegar até lá caminhando pelas águas sem certeza alguma, sem terra firma chão seguro, não haviam argumentos, apenas fé que muitas vezes se torna fragilizada. Assim deve ser quem quer caminhar no Movimento de Jesus nos momentos de dificuldades e angústias, podemos falhar e assim como Pedro duvidar da fé, mas logo vem Jesus e nos anima a caminhada.
     A Fé é o assunto desta passagem do Evangelho, trazendo para a contemporaneidade, o mundo tem experimentando uma imensa crise de fé. A ciência e a tecnologia nos trouxeram um modelo de mundo que quase não tem deixado espaço para fé. São tantas ocupações e possibilidades que as pessoas não tem mais tempo para fé, a religião ficou em segundo ou até terceiro plano. São tanto ídolos para se render cultos nos dias atuais, que não tem sobrado tempo para sentir o sagrado e o espiritual. Tantas coisas para se preocupar que já não é mais tão fácil responder a pergunta que Jesus fez a Pedro antes de o salvar, Por que duvidastes?
     Precisamos dar lugar para o mistério, para o santo, para as coisas de Deus. O Mistério aponta o sagrado que revela como Deus age de forma simples em nossas vidas. O mistério não precisa ser compreendido e sim vivido. O Amor paterno/maternal de Deus preenche nossa vida e nos ocupa da Graça que é dispensada através da oração, da meditação e contemplação da vida como mistério da salvação e redenção humana.
     A base da fé é crer e viver confiantes em Deus apoiar nossa vida no evangelho encarnado que liberta, olhar e cuidar uns dos outros principalmente os mais necessitados entregando-nos a Deus com absoluta confiança e comprometimento com sua mensagem. São Paulo em Segundo a Timóteo expressa bem essa confiança quando diz: Eu sei em quem pus a minha confiança (2 Tm 1,12). 
     Lamentavelmente neste final de semana estamos ultrapassando a marca de mais de 100 mil vítimas do corona vírus no Brasil, fruto da falta de políticas públicas de prevenção e saúde e de um governo despreparado, quem sofre são as famílias mais pobres. Um relatório do CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) prevê que o número de pessoas em situação de pobreza aumentará 45,4 milhões em 2020, com o que o total de pessoas em situação de pobreza passaria de 185,5 milhões em 2019 para 230,9 milhões em 2020, número que representa 37,3% da população latino-americana. Dados como estes são alarmantes. Como cristãos e cristãs precisamos nos preocupar com essa situação, percebemos que o Reino de Deus que tanto ouvimos dos evangelhos ainda é uma realidade muito longe de acontecer. Como comunidades de fé nosso podemos compactuar e nem ficar indiferentes ao pecado social, não podemos nos permitir tantas pessoas sofrendo pela desigualdade, tanta riqueza e abundância deixada pelo criador para todos e todas nas mãos de poucos enquanto a realidade de muitos filhos e filhas de Deus é de pobreza e fome, não é isso que Deus quer, a inclusão de todos no projeto da salvação humana é fundamental. 
]]>
<![CDATA[Que o Senhor multiplique em nós a tolerância]]>Mon, 03 Aug 2020 13:07:38 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/que-o-senhor-multiplique-em-nos-a-tolerancia (Mt 14: 13-21)                                                                                                                    
         No capítulo 14 de Mateus podemos observar claramente o contraste existente entre o baquete dos poderosos que matam João Batista e oprimem os mais pobres e a multiplicação dos pães e peixes mostrando-nos que o projeto de Jesus que é de amor, partilha e  vida. O texto nos diz que Jesus teve compaixão das pessoas, porque estavam doentes e tinham fome. Ele não se omitiu, poderia ter saído e se ocultado, mas, em sua humanidade Jesus sentiu-se tocado, comovido pela situação. Quantas vezes nos sentimos tocados ou comovidos por ver pessoas passando por necessidades e não temos compaixão? Muitas vezes estamos tão imersos no nosso próprio mundo que nos tornamos apáticos diante de situações de injustiça. A loucura do dia a dia, nossas rotinas tão cheias de compromissos nos deixam tão inseridos dentro de nós mesmos que não enxergamos ao nosso redor as necessidades do outro e da outra.
       Jesus realiza o milagre da partilha, como sinal sacramento do amor de Deus é um ato Eucarístico, que revela toda a Graça de Deus sobre os pequeninos do Reino. Não existiu nada de mágico de super poderoso, foi apenas a partilha de tudo que se tinha, cada um doou o pouco que tinha e esse pouco tornou-se muito, daí a comunidade de Mateus nos dá cinco mais dois que é sete dentro da cabala judaica, sete significa plenitude.
       Jesus nos ensina que a solidariedade deve ser sempre o primeiro pensamento dos cristãos. Não há espaço para orgulho e egoísmo no projeto de Jesus, apenas aqueles que conhecem a Deus podem entender, não podemos nos dizer participantes desse projeto se compactuamos com a lógica do mundo individualizada que separa e nos aliena do Deus do amor.
       Temos assistido ultimamente a tantas injustiças, tanta violência ódio e preconceito. Temos visto pessoas que se dizem cristãs, que se arrogam como portadores da palavra de Deus espalhando ódio e divisão totalmente contrário ao preceito de amor de Jesus. Como eu posso me dizer cristão se eu me incomodo com um comercial de perfume do dia dos pais que é realizado por um homem trans? Que mensageiro sou eu da palavra de Deus se julgo e envio para o inferno outra forma de amor que não seja aquela que eu acho que é a tradicional única e verdadeira? Posso me colocar no lugar de Deus sentando-me no trono da injustiça para julgar quem eu acho que por suas escolhas me ofende? Será que só existe uma única forma certa de amar? Então teria Deus errado ao criar tanta diversidade no mundo? Não nos cabe julgar, não julgueis para não serdes julgados (Mt 7,1). O julgamento só pertence a Deus.
         Ao invés de nos incomodarmos com a decisões das pessoas, deveríamos nos incomodar com a injustiça e o egoísmo, com as milhares de pessoas que passam fome no mundo, com a destruição do meio ambiente com a violência e a marginalização do ser humano, isso sim deveria incomodar a todos nós. Que o Senhor possa abrir nossas mentes e corações para enxergar o verdadeiro mal que nos leva a violência e a destruição que é a falta de amor. Amém.

     
]]>
<![CDATA[Um  Reino de Amor]]>Mon, 27 Jul 2020 15:25:10 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/um-reino-de-amor(MT 13: 31-33, 44 52)                                                                                                                                                                                                                                                                                        
        Dando sequência ao capítulo 13 do evangelho de Mateus, que estamos ouvindo nesses últimos domingos, Jesus fala sobre o reinado de Deus e utiliza-se das parábolas que é um método muito usado pelos rabinos da época para fazer comparações e suas pregações com situações simples do dia a dia. Jesus anuncia seu evangelho de forma muito simples, mas com grande profundidade.
         É engraçado como nós complicamos as coisas, o ser humano necessita de algo espetaculoso para acreditar, algo que seja prodigioso é algo assim: Dá-me um milagre e então eu acreditar que Deus existe. Por isso esse locais espetaculosos em que anunciam milagres estão cheios de pessoas, que precisam se abastecer do milagre mentira, da troca de milagres e curas para sentir Deus, quando na verdade o que estão sentindo é apenas um frenesi emocional, pois não pode entender Deus quem tem um coração mal, que tenta a Deus,  num jogo de interesse de toma lá dá cá. Por isso jesus  compara o reino de Deus com um grão de mostarda, que é uma semente muito pequena, só que após plantada dá uma árvore grande, que além de alimento serve para muitas coisas. Não existe segredo, na verdade é muito simples de entender, difícil é fazer acontecer, difícil é vivenciar esse reino, complicado é praticá-lo. Difícil porque elegemos um modelo de vida muito acima do que necessitamos, que precisa de muita coisa para sustentá-lo. As coisas de Deus são simples, somos nós que as dificultamos.
         Jesus nos revela o reino de Deus sem imposição, sem força nem coação é uma adesão voluntária e muito leve. Não como naquela época era imposta pelo império romana, a chamada “pax romana “nem como é imposta hoje pelas grandes potencias que subjugam o mundo com uma promessa de paz falsa e interesseira. O Reinado de Deus já está acontecendo, não é espetaculoso, atua de forma simples e lenta, mas muito vigorosa, assim como grão de mostrada vai germinando aos poucos ou, assim como o fermento vai airando e crescendo  e se espalhando por toda a massa.   O reino de Deus é o fermento da humanidade e do amor, se espalhando nessa grande massa que é mundo, onde há amor, justiça e ações de paz.
         As parábolas nos fazem lembrar que somos filhos de Deus e que temos um lugar neste reino e que precisamos nos tornar participantes e semeadores deste reino. Na atualidade em meio a pandemias, guerras econômicas e disputas por poder, precisamos destingir em qual lado vamos estar, se seremos trigo ou joio, se estamos com Deus e seu plano de amor e libertação ou se somos do mundo e compactuamos com esse jeito de viver. Assim como Salomão pediu a Deus sabedoria, para saber discernir entre o bem e o mal para guiar o povo (IRs3,9). Não da pra se dizer cristão sem seguir a vida de Jesus, ele é o homem modelo para ser seguido, sua compaixão e amor por nós é ação libertadora quando buscamos seguir. Não é uma tentativa fácil, precisamos nos esvaziar de nós mesmos (kenoses) primeiro. Discipulado exige negação e sacrifícios, pensar não mais em si mesmo, mas pelos outros, uma entrega que exige muito trabalho interior e desapegos de nossos orgulhos.
         A recompensa é a satisfação de quem agiu com amor desinteressado, sem nada exigir do outro e sente uma imensa alegria e paz interior consigo mesmo. O amor de Deus nos transforma, ele nos faz mais humanos, não nos permite andar em caminhos obscuros ou de trevas, mas ilumina a nossa caminhada. Como diz São Paulo, nada nos separará do amor de
Deus, nem a tribulação ou a angustia, ou a perseguição, ou  a fome, ou a nudez, ou o perigo ou a espada (Rm 8. 35; 39). O mundo está esquecendo do amor divino, cabe a nós sermos sementes dessa lembrança, dar visibilidade a este amor, através de nossos corpos e nossas ações, através do nosso jeito de ser e de pensar. Experimentemos vive por amor, como diz a música. É assim que podemos superar as tristezas e tribulações da vida. Como filhos e filhas de Deus estamos destinados, por amor, a espalhar a energia do bem, em todos os lugares que estivermos, sejamos fermentos da vida humana. 
]]>
<![CDATA[O sonho de Jacó]]>Tue, 21 Jul 2020 14:54:49 GMThttp://nilojunior.com.br/reflexoes/o-sonho-de-jaco     A leitura de gênesis, nos fala de um personagem muito importante do antigo testamento, Jacó. Ele sai da casa dos pais Isaac e Rebecca para buscar entre seus parentes uma esposa. Em sua longa caminhada até Harã, seu destino, ele tem contato com Deus.  Jacó que vivia tranquilo na casa de seus pais com toda segurança, se vê sozinho, sem parentes ou servos que lhe possam lhe auxiliar. Aquele que recebeu as Bençãos dos céus agora se encontra sozinho, necessitando que Deus lhe de Pão e água para saciar a sede e a fome.

​     Em determinado momento Jacó precisa descansar, adormece e tem um sonho,  momento de encontro com Deus. O pensamento de Jacó muda após esse encontro que é quase uma epifania. Podemos refletir em nossa vida e caminhada quantas vezes Deus se manifesta? Quantas vezes durante ele se revelou nos mínimos detalhes e não percebemos. As vezes ele se revela em alguém que nos diz uma palavra de afeto nos momentos difíceis. Nas dificuldades podemos encontrar Deus, nos ensinando a ter esperança, resistir a momentos em que parece não haver solução. Deus pode se manifestar através de alguém que nos pede ajuda e auxílio, do necessitado ou daquele que busca uma palavra de consolo e esperança. Também podemos comparar o movimento de Jacó ao dos muitos imigrantes que saem de seus países de origem para buscar uma vida melhor para sua família. Muitos acabam encontrando desesperança, falta de acolhimento enfrentando muitas necessidades, buscando encontrar esperança.

     Diante deste momento que estamos vivendo a no Brasil no qual o número de pessoas infectadas pela COVID 19 aumenta, já são mais de 2 milhões de casos confirmados e mais de 76 mil vítimas, você pode estar se perguntado onde vemos Deus nessa calamidade? Eu respondo que podemos ver Deus no rosto dos profissionais de saúde, que se doam a cuidar dos doentes, das pessoas que se encontram em casa, que decidiram com muita responsabilidade se isolar fisicamente para não espalhar ainda mais o vírus. Podemos ver Deus nas pessoas que saem nas ruas ajudando os necessitados, em cada ato de amor, solidariedade e cuidado Deus está se manifestando. Não é Deus quem manda as doenças, ele não envia pragas como castigo. São as ações do ser humano contrárias a criação de Deus que causam isso. A falta de cuidado e responsabilidade com o meio ambiente, geram consequências.
 
     No caminho, no meio do caminho podemos encontrar Deus como Jacó. Como o salmista nos ensina: Na angústia, invoquei o Senhor; e o Senhor me ouviu e me pôs a salvo. (Sl 118,5). Não tenhamos medo de confiar na Providência Divina, oremos uns pelos outros e outras, pedindo a Ruah Divina que nos fortaleça e que ampare as pessoas angustiada e aflitas.
 
     Nestes últimos meses os sites de Igrejas e instituições que trazem mensagens de consolo tem sido muito visitados pelas pessoas. Percebemos que as pessoas têm procurado Deus. O parar da vida secular, dos inúmeros afazeres, das muitas correrias do dia a dia. Parar e isolar-se em casa por causa da pandemia mostrou que temos tempo, que é possível vivenciar a espiritualidade sem deixar o trabalho e de estar com as pessoas que amamos. Que possamos voltar nossos pensamentos e consagrar nossas vidas a Deus, ser mais intuitivos ou seja, que possamos nos preencher de Deus e viver sobre a sua Graça e esperança. 

]]>