É importante situar que Jesus não tinha nenhuma formação rabínica, pelo menos os escritos sagrados não apontaram para isso. Jesus era filho de um carpinteiro e vivia em uma região muito simples de Israel, ele praticava os preceitos judaicos e tinha uma vida muito simples, no início de seus ministério foi morar em Cafarnaum, uma região de pescadores, portanto pessoas simples do povo, também era uma cidade de coletoria de impostos, que eram considerados abusivos pelo povo que estava sob domínio do império Romano. Os coletores de impostos eram considerados pecadores e ladrões pelos judeus, pois podiam cobrar altas taxas como melhor lhes aprazia. Jesus também não pertencia a nenhuma casta de levitas ou sacerdotes do templo, não tinha recebido nenhuma ordenação. É por isso que os sumos os sacerdotes perguntam com que autoridade ele pregava.
Neste momento Jesus começa a seguir em direção a Jerusalém, ou seja, ele inicia o caminho da cruz. No Templo ele denuncia a hipocrisia e o falso Culto, onde a corrupção e a sede pelo poder e por dinheiro são as coisas mais importantes para os sacerdotes, essa denúncia já havia sido precedida por Jeremias “Este Templo, onde meu Nome é invocado, será porventura que se tornou um covil de ladrões para vos reunirdes? Muito cuidado! Eis que eu mesmo estou observando tudo isto!” Palavra do SENHOR. (Jeremias 7,11). A idolatria ao dinheiro, usando o nome de Deus em benefício próprio já vem desde o antigo testamento, não é só nos dias de hoje que vemos pessoa manipulando a palavra de Deus e enriquecendo às custas de uma falsa pregação que promete bens e prosperidade, Jesus foi totalmente contra esse tipo de prática. A parábola dois filhos é muito simples e objetiva. O importante para Deus é o “fazer”, responder o chamado, mais uma vez Jesus nos chama atenção para a missão e o discipulado. Aquele que ouve e diz sim, mas não coloca em prática é como o filho que ouve o chamado do pai e diz, sim eu vou fazer mas, não faz. Já o outro ouve responde “não”, se esguia por um tempo e depois coloca-se a fazer, esse representa aqueles e aquelas que mesmo tarde respondem com amor ao chamado de Deus. Os cobradores de impostos e as prostitutas disseram não a Deus, vivem à margem, são excluídos e excluídas do Templo. Quando Jesus lhes oferece seu amor e amizade, escutam o chamado e o colocam em prática, para estes o Reinado de Deus já está acontecendo. São muitos os que vivem à margem hoje, em uma sociedade moralista e preconceituosa que vive do faz de conta. Muitas pessoas que se dizem cristãs, religiosos e religiosas evocam para si o direito de condenar os outros, lançar no inferno ou no céu, quando na maioria das vezes essas mesmas pessoas que condenam usam de práticas e pecados bem piores, vivendo uma vida de aparências e vazia. Neste Caminho de Jesus estão muito a frente os desesperados aqueles que a sociedade já julgou e penalizou, muito mais a frente do que muitos religiosos e religiosas que se colocam a serviço do poder. Neste caminho não adianta professar e prometer é preciso fazer, colocar-se em ação. O Bom discípulo é aquele que se pergunta todos os dias, o que eu posso fazer pelo reino de Deus hoje? Um coração aberto a Deus que busca o seu amor e disposto a arrepender-se de seus erros é muito mais valioso do que um coração cheio de ódio e rancor, no qual a boca está cheia de orações e salmos, decora versículos e passagens bíblica com facilidade, mas, sua prática é vazia e não agrada a Deus. A verdadeira prática que agrada a Deus é aquela que leva o Evangelho de jesus a prática, que encarna, vivencia de forma clara as palavras de Jesus, todos os dias, mesmo que seja um pouco, com simplicidade e amor a todas as pessoas.
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Sabemos que onde existe a ação humana existe também as tensões e os desentendimentos, que na verdade são muito naturais. A comunidade de Mateus, que foi quem escreveu este evangelho estava passando por um período muito obscuro, sobretudo para a história da religião judaica da qual os primeiros seguidores de Jesus faziam parte. Pelos anos 70 d.c. aconteceu a destruição de Templo de Jerusalém, o judeus se viram obrigados a flexibilizar sua liturgia, pois como não havia mais templo, não se podia mais oferecer sacrifícios litúrgicos e tão pouco orações, isso dentro da ótica de alguns círculos judaicos da Palestina naquela época. Por isso o Evangelho afirma que onde estiverem reunidos duas ou três pessoas ali há a presença de Deus, um preceito que não era o mesmo para o judaísmo, que exigia que ao menos dez homens estivessem presentes para ser realizada uma oração.
Jesus fala de reconciliação, ao contrário de muitas interpretações qie são feitas desta pericope, ele não pede que a comunidade exclua ninguém, a comunidade deve participar do processo de reconciliação, quando há tensões, a comunidade precisa se envolver no processo de reconciliação e não afastar a pessoa, ou criar novos grupos separados, como se quisesse se ver livre do problema. Até porque não existe uma comunidade de santos e santas, somos todos pecadores, erramos e precisamos da Graça de Deus, por isso buscamos a Igreja, que não é um lugar de santos e santas e sim deve ser um lugar onde se busca a solidariedade e a reconciliação. “Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento” (Mc 2:17). Mais adiante Pedro pergunta a Jesus, Senhor quantas vezes devo perdoar meu irmão? Setenta vezes sete disse Jesus (22), ou seja, muitas vezes até infinitamente, pois o pecado (erro) faz parte de uma educação pedagógica, pela qual todos nós precisamos passar em busca da santificação (Theósi). Isso não significa que devemos ser permissivos ou dar anuência ao pecado, pensando que podemos pecar o tempo todo porque Deus perdoa. Não é esse o sentido, precisamos entender a nossa fragilidade humana, o processo terapêutico só se inicia realmente, após a consciência do pecado e o verdadeiro entendimento de que é preciso mudar, alterar a rota e buscar o amor de Deus. Podemos ser melhores? Podemos mudar nossa vida de maneira decisiva? É possível mudar nossas atitudes? A resposta é sim podemos, fazendo a reflexão interior adentrando dentro de nossas consciência para mudar, transformar a vida, buscando sempre o entendimento de que podemos ser melhores que é possível encontrar sentido. Esse sentido está intimidante ligado em como nós enxergamos a Deus e como somos levados a prática do amor verdadeiro e desinteressado. |
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Maio 2023
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