(Mt 25,14-30)
As relações humanas têm uma intima dimensão transcendental, ou seja, estão intimamente ligadas a plano divino. No sermão da montanha Jesus nos apresenta os requisitos para aqueles que querem entrar no reino de Deus, os pobres em espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os promotores da paz e os perseguidos por causa da justiça. Na parábola do juízo final ele nos diz como devem agir os filhos da luz. Alimentar os famintos, matar a sede dos necessitados, vestir e aquecer aqueles que sofrem de frio, visitar os encarcerados, dedicar-se aos doentes levando conforto e oração, acolher os imigrantes e refugiados. Todos os marginalizados, injustiçados e excluídos são aqueles pelos quais os obreiros do Reinado de Deus deve estar a serviço. Os filhos das trevas são aqueles que lutam contra o projeto da salvação, são os opressores aqueles que agem de forma tirana contra os princípios do evangelho. Eles estão a favor de um sistema que subjuga, desumaniza produz dor e morte. O reinado de Deus é atacado todos os dias, todas as vezes que há falta de amor e a injustiça acontecem são contrárias a ele. Racismo, misoginia, LGBT+ fobia, machismo, toda e qualquer violência, crimes de ódio são manifestações contrárias ao Evangelho redentor. A morte de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, espancado e morto por dois seguranças de um supermercado Carrefour em Porto Alegre, nos revelam como ainda estamos muito longe de Deus, como a impunidade e a injustiça ainda crescem em nosso meio, alimentada por discursos de ódio e por um sistema histórico cultural opressor e assassino. Aqui em nossa cidade uma mulher negra, a professora Ana Lúcia Martins, eleita vereadora no último domingo foi ameaçada, crime de racismo e ameaça de morte, temos que pensar, para onde estamos caminhando? Parece que o ser humano tem e esquecido que Deus é amor, nós precisamos lutar contra esse tipo de atitude, precisamos lutar contra todo e qualquer cultura e pensamento de violência e morte. Não precisa ser negro para combater o racismo, não é preciso ser mulher para combater o machismo, não precisa ser LGBT para combater o preconceito. Precisamos fazer isso em nossas casas, igrejas, locais de trabalho em rodas de conversa, combatendo toda e qualquer forma de preconceito e violência, como filhos e filhas de Deus não podemos permitir que a maldade e a tirania tenham espaço, porque queremos construir a paz. A solidariedade, a misericórdia e o amor, que é o fermento do reino de Deus. Não dá para ser morno com a injustiça, não da pra permitir que ódio e preconceito continuem sendo praticados todos os dias cada vez mais, nas igrejas em nossas escolas e espaços públicos. Isto é a semente do ante Evangelho crescendo no meio de nós. Quem quer seguir Jesus precisa ter consciência que não há lugar para dúvidas, nossa fé precisa ser fundamentada no amor e no agir em prol do amor. A intolerância começa quando se tolera o preconceito e se cala diante da maldade.
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(Mt 25. 1-13)
As leituras que vão se aproximando do fim do ano litúrgico e início do advento são leituras de caráter escatológico que falam da morte e da segunda vinda de Jesus. Na metade do I século os cristãos ainda esperavam a segunda vinda de jesus. Mesmo hoje algumas pessoas insistem em anunciar que jesus está chegando. O mesmo jesus que disse, e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. (Mt 28:20b). A comunidade de Mateus talvez estivesse passando por momentos críticos para aqueles que seguiam Jesus, sua vinda estava atrasada, talvez a fé de alguns estava ficando relaxada, era necessário reavivar a presença de Jesus relembrando de uma parábola. Muitas pessoas têm vivido e anunciado a chegada de Jesus e do reino de Deus, centenas de pessoas vivem atormentadas com medo do juízo final, da condenação eterna, onde todos serão julgados pelos seus crimes e seus pecados. Para essas pessoas o reinado de Deus ainda não chegou, estão tão implicadas em si que não conseguem perceber que esse reinado já está aqui presente no meio de nós, e que nós somos o tijolo e a argamassa é o amor. Jesus já disse, eu estou com vocês até o fim dos tempos, o espírito Santo de Deus nos anima a caminhar na esperança de um novo céu e uma nova terra, que começa aqui, agora, exatamente agora nós estamos vivendo o reinado de Deus. A parábola das dez mulheres é um convite para aderir uma vida cristã de maneira responsável. É pura irresponsabilidade chamar-nos de cristãos sem viver a própria religião, sem nos esforçar para nos parecer com Cristo. É pura ilusão achar que só porque vamos a Igreja estamos fazendo a vontade de Deus. Se não houver uma verdadeira conversão aos valores evangélicos, não há religião verdadeira. Muitas pessoas se acham seguidoras de Jesus sem entrar no projeto de Deus. Isto se expressa através daqueles que se colocam a serviço do amor, dedicando-se aos outros e outras. Ao contrário daqueles que rejeitam o acesso ao pão não partilhando-o, que se deixam levar por um poder que não é serviço e ao privilégio de uma elite, não estão caminhando em direção a esse reinado. É o Espírito Santo que junto conosco guia e sustenta a missão, exatamente como guiou Jesus na sinagoga de Nazaré a proclamar de que a boa nova deve ser anunciada aos pobres, os oprimidos devem ser libertados, dando vista aos cegos anunciando um mundo de Graças aos endividados. O Evangelho de hoje nos diz que não podemos esperar passivamente o dia da morte ou volta do Senhor. Precisamos dar sentido a Palavra de Deus. É preciso estar sempre com as lâmpadas acessas, deixar para a última hora não é sensato, podemos perder a oportunidade de entrar. A parábola das dez virgens nos leva a essa reflexão. Na época de Jesus era comum na cultura judaica, depois de mais de um ano de noivado celebrar a festa de casamento na qual a noiva era conduzida até a casa do noivo onde acontecia um banquete, não era uma cerimônia religiosa, o noivo buscava a noiva na casa de seus pais afim de conduzi-la a sua casa para a festa, estes rituais iniciavam ao pôr-do-sol e iam até a madruga, por isso a necessidade de lâmpadas para iluminar o caminho. Dar sentido a vida presente e não ficar esperando pela vida futura nos faz sentir e experimentar aqui e agora a plenitude de uma vida com Deus é este o azeite representado na leitura, ele alimenta o fogo e produz luz. Devemos iluminar nossas consciências, dar clarividência a mensagem de Jesus, o amor é o azeite que manterá aceso o fogo divino dentro de nós. |
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Maio 2023
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