O profeta Amós era pastor e cultivava sicômoros, uma fruta parecida com o figo. Amós era um homem simples, do povo que sentia como a maioria o peso da opressão, que desde aquela época existia, onde a corrupção estava espalhada desde o Templo, com o sacerdotes até os juízes que vendiam suas decisões.
Apesar de morar no campo e ser homem simples, Amós conhecia bem a política a situação do povo na sua época. Suas profecias são consequência de uma irresistível vocação para denunciar as injustiças observadas no Reino de Israel, e proclamar o juízo divino. Seu ministério profético foi muito curto e foi focado no Reino de Israel, na época do Rei Jeroboão II (783 a 743 a.C.). Desenvolveu suas profecias enquanto viveu na cidade de Betel. Amós foi firme enquanto denunciava à opressão e violência que as nações estrangeiras realizam sobre o povo de Israel. Nesta época a injustiça andava de mãos dadas com a exclusão conforme diz o profeta: “Porque vendem o justo por dinheiro e o indigente por um par de sandálias. Eles esmagam sobre o pó da terra a cabeça dos fracos e tornam torto o caminho dos pobres.” ( Amós 2,6b-7b). O profeta denuncia os horrores de uma classe política e sacerdotal que oprime e esmaga os mais pobres. Um dos problemas mais graves, denunciado pelo profeta, é que os sacerdotes protegiam e ainda contribuíam para opressão, a religião servia de fator de alienação. Enquanto as pessoas ficavam cada vez mais pobres e exploradas, haviam grandes procissões e animados cultos, para que os sacerdotes enriquecessem com mais ofertas. Os magistrados eram corrompidos e vendiam seus julgamentos em favor dos poderosos. Amós denuncia um Israel que não mudou muito, nem mesmo no tempo de Jesus. Na época de Amós, Israel vivia uma nova época de progresso, além de contar com um relacionamento pacífico com Judá e outros reinos vizinhos. As grandes potências - Assíria e Egito - estavam enfraquecidas. O país estava tão fortalecido que o reinado de Jeroboão chegava a se comparar ao de Salomão, tamanha a riqueza de sua corte. Mas esse desenvolvimento econômico possuía uma face perversa: Enquanto o país como um todo se desenvolvia, a parcela menos favorecida da população ficava cada vez mais pobre. Essa injustiça manifestava-se nos subornos nos tribunais; na exploração dos devedores; no comércio fraudulento e na prostituição sagrada. A condição para que Deus possa novamente se fazer presente em Israel é a mudança, amar o bem e isso implica na prática da justiça. Trazendo para o atual contexto histórico pelo qual estamos vivendo, principalmente para a nossa realidade brasileira, vemos que as mesmas coisas acontecem aqui. É possível ver enorme semelhança com o contexto de Amós a dois mil e setecentos anos atrás. Continuamos a ver uma minoria que realmente tem poder, e que usa esse poder para explorar as maiorias pobres. Continuamos a ver políticos corruptos, que usurpam o dinheiro público que deveria ser transformado em bem estar para todos, sobretudo aqueles que mais necessitam. Um Estado totalmente corrompido, nas mãos de uma oligarquia político-hereditária, verdadeiro sanguessugas causadores da miséria e da fome de milhões de brasileiros. Segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura) em 2016, entre 2,5 milhões e 3,6 milhões de pessoas voltaram a viver abaixo do limiar de pobreza no país. Resultado de políticas públicas defasadas e ineficientes, sobretudo causadas pelo desvio e a corrupção do dinheiro público. Quando analisamos este cenário a luz da Bíblia, podemos verificar que a opressão e a corrupção do ser humano só evoluíram e o egoísmo e a vaidade se tornaram a mola propulsora do reino do diabo. Todas essas pessoas que roubam, corrompem e contribuem para a morte e a pobreza do outro serão culpadas no dia do julgamento de Javé, conforme pré-anuncia Amós, não são dignos e estão sobre grave pecado contra Deus. As escrituras já diziam isso sabiamente há muito tempo atrás: “Quando os honestos governam, o povo se alegra; mas, quando os maus dominam, o povo reclama. Quando o governo é justo, o país tem segurança; mas, quando o governo cobra impostos demais, a nação acaba na desgraça.” (Provérbio 29. 2, 4).
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Maio 2023
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