Churchless christianity é novo termo pelo qual estão sendo definidas as pessoas que vivem sem Igreja, são pessoas que acreditam em Deus, oram e meditam as Escrituras, mas, não estão ligadas a nenhuma igreja ou confissão. Um fenômeno cada vez mais crescente nos Estados Unidos e na Europa. Não são pessoas que deixaram completamente sua fé, apenas não frequentam mais igrejas, não tem vínculos com nenhuma instituição, em casa, no trabalho elas acreditam estar vivendo um cristianismo próprio. A grande maioria já frequentou igreja e afastou-se por alguma situação incômoda ou, depois de passar por muitas confissões não encontrou aquilo que dentro do seu próprio conceito seria a igreja ideal. O teólogo francês do início do século XX, Alfred Loisy, sacerdote católico romano, afirmou certa vez que: “Cristo não fundou nenhuma Igreja, nem estabeleceu nenhuma forma de governo para ela, porém seu anuncio do Reino de Deus e a transmissão dessa mensagem aos seus discípulos conduziu a formação da Igreja, que é o resultado da vontade de Jesus.” Esta declaração foi suficiente para que o Papa Pio X o afastasse da docência na Escola Católica de Teologia da França. A declaração de Loisy incomodou muito o clero, na época a igreja como um todo ainda não tinha passado por uma das maiores crises de fé, como a que estamos vivendo atualmente. Durante toda idade média e até o início do século XIX era possível estabelecer que a maioria das pessoas fosse fiel ou pertencia ao clero, hoje, é possível achar muitas pessoas que não são nem fiéis religiosos e nem do clero, mas, também não são ateus. O Instituto Barsa divulgou uma pesquisa que revelou o perfil de nossos jovens com respeito a religião: Em torno de 60 % dos jovens criados dentro de Igrejas, ao alcançar o ensino médio ou faculdade abandona completamente. Milhões de jovens em todo mundo se afastam todos os dias da igreja e uma grande maioria poderá nunca mais voltar. Mas qual o motivo desse afastamento? São diversos, mas, alguns fazem parte da reclamação da grande maioria. Nossos jovens, diferentes dos jovens do passado tem acesso a escola e educação racional, eles não conseguem entender nem aceitar quando a igreja diz que a ciência é inimiga da fé e que fé e ciência não podem andar juntas. Outra reclamação dos jovens é referente a sexualidade e orientação sexual, muitos não se encaixam em grupos preconceituosos, na verdade a maioria das igrejas não são inclusivas e seus membros não conseguem conviver com a diferença. A experiência superficial que muitas igrejas impõem, sem nenhum aprofundamento espiritual também incomoda esses jovens, muitos buscam em religiões orientais essa lacuna. Outra questão que tem afastado os jovens são as dúvidas sinceras, que muitas vezes são vistas como falta de fé ou um pecado mortal, a maioria das igrejas não orienta quanto a isso. O fenômeno do esvaziamento das igrejas esta baseado, sobretudo na falta de visão que muitas instituições tem em tratar as diferenças atuais, de procurar um olhar um pouco mais claro sobre as mudanças da sociedade, elas tem dificuldades em traduzir a mensagem de Deus para o momento e suprir os fiéis com um evangelho mais sensível, com respostas para os problemas e as duvidas do homem do século XXI. Evidentemente que o problema não está só nas igrejas que muitas vezes não conseguem dar respostas, mas, também nas famílais. A família atual não tem estabelecidos bases para os nossos jovens, e não estou falando porque hoje existem novas famílias diferentes da família do passado, falo de todo o tipo de família, os pais não conseguem mais estabelecer uma relação de amor e respeito com seus filhos, vejo muitos pais reclamarem dos filhos não os acompanhar a igreja, mas, quando buscamos a realidade dessa família percebemos que o lar não é um porto seguro, existe desarmonia, o casal não se respeita, não existe um real testemunho de vida cristã na qual seus filhos podem se espelhar. Resultado de tudo isso, muitos lideres religiosos tem buscado cada vez mais recursos para atrair as pessoas, milagres poderosos, promessa de prosperidade e por ai vai até onde a criatividade alcançar. É preciso entender, sobretudo que, as pessoas precisam sentir-se bem, acolhidas, saber que Deus as ama. Não é passar a mão na cabeça e dizer a salvação está garantida, mas sim mostrar que a vida em comunidade é importante, onde cada um tenta ajudar o outro verdadeiramente, sem perguntas, sem preconceito, apenas mostrando o amor cristão, que ali é possível achar uma família extensão do lar, que não vai se afastar nem criar contendas quando o outro erra, buscando o verdadeiro sentido do amor filial de cristão sem julgamentos. A igreja precisa encontrar seu caminho no mundo atual, achar uma forma de pregar o evangelho sem entrar em conflito com a ciência ou com a razão, não é dizer sim para tudo, mas mostrar que a verdade evangélica está além da instituição, que é possível viver o Reino de Deus sem entrar em choque com a realidade. Muitas igrejas contribuíram para que as pessoas criassem uma péssima visão da religião, foram usados mecanismos de exclusão e morte durante muitos séculos “pregando” o Deus da vida por meios que causaram morte física, moral, espiritual e emocional. Faltou a muitas igrejas fazer o “me culpa” e estabelecer um diálogo com a vida moderna. É possível viver o Reino de Deus sem igreja? Talvez, mas creio que seja mais ou menos como travessar o oceano Atlântico sozinho com um pequeno barco, alguns já conseguiram, com muitas dificuldades, mas milhares já morreram tentando, neste caso eu prefiro atravessar essas águas furiosas dentro de um transatlântico tendo um capitão hábil no comando é infinitamente mais seguro.
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Maio 2023
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