Hoje existem muitas pessoas que tem uma vivência espiritual e profética muito intensa, profetas e profetizas que não são percebidos, mas estão inseridos em seus contextos comunitários, trabalhando em diversas conjunturas, denunciando a injustiça e o mal, promovendo o amor de Deus, sendo exemplos de fé e esperança para muitas pessoas. Esses profetas e profetizas, na maioria das vezes não parecem nas mídias, não são promovidos e não se tornam celebridades. São homens e mulheres que não compartilham deste projeto sócio político excludente, alimentado por um sistema opressor e famigerado que engole os mais fracos e engorda os mais ricos. São pessoas simples, do povo, que se destacam na liderança de movimentos sociais e milita em causas justas para o crescimento do bem estar das pessoas e de todo o povo de Deus.
Quando vivemos na esperança do Reino de Deus, vivemos com mentes e corações abertos e livres em busca de todas as coisas justas e evangélicas, encarnando o verdadeiro espírito do Cristo ressuscitado que nos anima na esperança de que dias melhores virão. Não podemos perder a esperança de realizar deste já esse reino de justiça e paz, que tanto Jesus nos pediu. Quando nossa espiritualidade nos leva a uma vida de comunhão com Deus e com o mundo a nossa volta, e isso engloba todas as coisas deste mundo; então estamos agindo não só pela palavra, mas também pelo testemunho profético. A comunhão com Deus e com a criação é o primeiro passo de uma longa escada da vida espiritual para um crente. Essa ascese espiritual nos leva a um estado de consciência crística tão grande que nos tornamos parte da obra divina de resgate do homo humanus, para o homo divinus. A tradição cristã grega tem uma doutrina muito bem elaborada chamada theósis, teósis ou theosis (também escrito: theiosis, theopoiesis, theōsis; grego:Θέωσις, significa divinização, deificação ou criação divina) é o processo de transformação de um crente que está pondo em prática (praxis) os ensinos espirituais de Jesus Cristo e seu Evangelho. Em particular, theosis refere-se à realização de semelhança a ou união com Deus, que é o estágio final do processo de transformação e, como tal, o objetivo da vida espiritual. Theosis é o terceiro de três estágios; o primeiro é a purificação (katharsis) e o segundo iluminação (theoria). Por meio da purificação uma pessoa alcança a iluminação e então a santidade. Santidade é a participação da pessoa na vida de Deus.* Através da práxis evangélica, onde encarnamos verdadeiramente aquilo que Jesus nos disse: cuidar uns dos outros, amar o próximo, e isso deve se traduzir em um primeiro momento no olhar para as dificuldades do próximo e procurar amenizá-la, nós alcançamos o primeiro estágio para a vida santa e guiada pelo Espírito Santo. Muitos Santos da Igreja cristã são exemplos dessa vida em Deus, atingiram o nirvana sagrado ou a theósis dos gregos ortodoxos. São Francisco e Santa Clara, Tereza D’Avila e João da Cruz e muitos outros que buscaram essa vida em Deus, não só através da oração (katharsis) e iluminação estudo da Palavra de Deus (theoria), mas, sobretudo da prática do amor de Deus compartilhado entre os irmãos, sobretudo, os que mais precisam. Imitando o próprio Cristo quando nos lembra de que amando uns aos outros estamos realizando o plano do Reino de Deus em nossa vida e na vida do outro ou da outra. Sabemos que não é tão simples assim a realização de uma vida espiritual verdadeira, exigem sacrifícios entrega e muita doação de si mesmo. Esta vida é parte do ministério cristão, contudo, nem todos conseguem buscá-la e tão pouco vivenciá-la, dado ao estilo de vida pelo qual estamos inseridos, tão preocupados em manter nossa vida material que não sobra tempo para uma prática espiritual mais intensa em comunhão com Deus. Por isso disse Jesus: Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos (Lc 10,3). Sabedor que era Jesus, que o mundo nos oferece muitas opções que nos limitam ao plano de Deus, dentre elas o egoísmo e a indiferença pelo outro ou outra, que nos empurra ladeira abaixo para uma vida não espiritual, muito pobre o quase inexistente. As pessoas não estão mais preocupadas com os outros, apenas com seus próprios interesses. Prova disso é que nesses dias frios de inverno, quantos de nós realmente nos preocupamos com moradores de rua que morrem de frio todas as noites? Quantos de nós nos preocupamos verdadeiramente com os mais desvalidos? Permanecemos em nossas casas aquecidas, com comida quente, roupas e agasalhos, enquanto outros passam fome e morrem de frio na rua. Talvez possa me perguntar, mas, o que temos a ver com isso? Não é problema nosso, é um problema social do governo, “eu já faço a minha parte ajudando na Igreja ou na associação de moradores com doação de meus casacos e roupas velhas.” Isso é muito pouco, diante do que nós enquanto pessoas, igrejas e sociedade podem fazer. Claro, antes isso do que nada. Porém devemos buscar com maiores forças resoluções para melhorar a vida dos pequenos, tão amados por Jesus. E isso tem muito a ver com nossa vida espiritual, pois só a fé sem as obras verdadeiras, não tem sentido nenhum. Acolhendo o outro ou a outra, somos acolhidos por Deus.
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Maio 2023
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