A leitura de gênesis, nos fala de um personagem muito importante do antigo testamento, Jacó. Ele sai da casa dos pais Isaac e Rebecca para buscar entre seus parentes uma esposa. Em sua longa caminhada até Harã, seu destino, ele tem contato com Deus. Jacó que vivia tranquilo na casa de seus pais com toda segurança, se vê sozinho, sem parentes ou servos que lhe possam lhe auxiliar. Aquele que recebeu as Bençãos dos céus agora se encontra sozinho, necessitando que Deus lhe de Pão e água para saciar a sede e a fome. Em determinado momento Jacó precisa descansar, adormece e tem um sonho, momento de encontro com Deus. O pensamento de Jacó muda após esse encontro que é quase uma epifania. Podemos refletir em nossa vida e caminhada quantas vezes Deus se manifesta? Quantas vezes durante ele se revelou nos mínimos detalhes e não percebemos. As vezes ele se revela em alguém que nos diz uma palavra de afeto nos momentos difíceis. Nas dificuldades podemos encontrar Deus, nos ensinando a ter esperança, resistir a momentos em que parece não haver solução. Deus pode se manifestar através de alguém que nos pede ajuda e auxílio, do necessitado ou daquele que busca uma palavra de consolo e esperança. Também podemos comparar o movimento de Jacó ao dos muitos imigrantes que saem de seus países de origem para buscar uma vida melhor para sua família. Muitos acabam encontrando desesperança, falta de acolhimento enfrentando muitas necessidades, buscando encontrar esperança. Diante deste momento que estamos vivendo a no Brasil no qual o número de pessoas infectadas pela COVID 19 aumenta, já são mais de 2 milhões de casos confirmados e mais de 76 mil vítimas, você pode estar se perguntado onde vemos Deus nessa calamidade? Eu respondo que podemos ver Deus no rosto dos profissionais de saúde, que se doam a cuidar dos doentes, das pessoas que se encontram em casa, que decidiram com muita responsabilidade se isolar fisicamente para não espalhar ainda mais o vírus. Podemos ver Deus nas pessoas que saem nas ruas ajudando os necessitados, em cada ato de amor, solidariedade e cuidado Deus está se manifestando. Não é Deus quem manda as doenças, ele não envia pragas como castigo. São as ações do ser humano contrárias a criação de Deus que causam isso. A falta de cuidado e responsabilidade com o meio ambiente, geram consequências. No caminho, no meio do caminho podemos encontrar Deus como Jacó. Como o salmista nos ensina: Na angústia, invoquei o Senhor; e o Senhor me ouviu e me pôs a salvo. (Sl 118,5). Não tenhamos medo de confiar na Providência Divina, oremos uns pelos outros e outras, pedindo a Ruah Divina que nos fortaleça e que ampare as pessoas angustiada e aflitas. Nestes últimos meses os sites de Igrejas e instituições que trazem mensagens de consolo tem sido muito visitados pelas pessoas. Percebemos que as pessoas têm procurado Deus. O parar da vida secular, dos inúmeros afazeres, das muitas correrias do dia a dia. Parar e isolar-se em casa por causa da pandemia mostrou que temos tempo, que é possível vivenciar a espiritualidade sem deixar o trabalho e de estar com as pessoas que amamos. Que possamos voltar nossos pensamentos e consagrar nossas vidas a Deus, ser mais intuitivos ou seja, que possamos nos preencher de Deus e viver sobre a sua Graça e esperança.
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(Mateus 10: 24-39) O discipulados cristão proposto por Jesus, não exige apenas um sim, um dedicar-se por metade. Jesus nos diz que deve ser uma entrega completa, racional e integral. Quando nos predispomos a aceitar a Palavra de Deus estamos aderindo a um caminho difícil. Primeiramente somos obrigados a ouvir e obedecer o chamado. Esse chamado não é simples, exige uma série de entregas, precisamos abrir mão de nós mesmos, de nossas situações de conforto, não há espaço para o egoísmo, para olhar somente para si. O olhar é comunitário é amar o mundo, sobretudo aqueles que mais necessitam. Ele exige mudanças transformações interiores, mudança de conduta, e isso pode ser muito difícil no começo. Jesus nos diz que seu discípulo ou discípula precisam estar a serviço dos pequeninos do mundo, daqueles que sofrem dos necessitados, desassistidos e marginalizados é transformar vidas. Para isso é preciso aumentar nossa visão, eu mesmo chamo de “super visão cristã”. Ver o Senhor, naquele que tem fome e sede e dar de comer, olhar no enfermo e ver o rosto de Jesus oferecer auxílio e consolo. Quando enxergamos no rosto sofrido do imigrante e agimos com compaixão e solidariedade estamos olhando exatamente como Jesus, é o olhar e a visão dos Santos, olhar da fé compassivo característico dos verdadeiros filhos e filhas Deus. Ontem dia 20 de junho comemoramos o Dia Mundial do Refugiado. O número de refugiados cresceu mais de 50% nos últimos 10 anos: já são cerca de 25,4 milhões em todo o mundo. Homens, mulheres crianças que saem de seus locais de origem por causas como guerra, fome, injustiça de social, quando muito, tem a sorte de achar um campo de refugiados, mesmo vivendo em situações precárias é melhor do que a grande maioria que vai de um local ao outro, dormem nas ruas muitas vezes prostituindo-se para poder comer. Neste caso, como cristãos e cristãs precisamos exigir dos governos maiores agilidades nas políticas de atendimento aos imigrantes. Tem lugar para todas as pessoas, a Terra pertence ao Criador que nos deu para vivermos em Graça. Neste mês de junho também celebramos o mês do Orgulho LGBTI+. Assustadoramente o Brasil matou ao menos 868 travestis e transexuais nos últimos oito anos, vítimas da transfobia, o que o deixa, disparado, no topo do ranking de países com mais registros de homicídios de pessoas transgêneras. No mundo todo existem mais 70 países, onde ser gay ou lésbica é ilegal, e que pode ser punido com a morte. Todos os dias centenas de jovens são jogados nas ruas pelos pais ou são vítimas de violência por sua orientação sexual. Andar no caminho de Jesus é viver o amor e aceitar as pessoas como Deus as fez, auxiliar a todos e todas no caminho e não se calar ante as injustiça, não aceitar o racismo e misoginia e a violência contra as minorias lutar para que todos e todas tenham sua dignidade salvaguardada. Quando Jesus diz, “Vim causar divisão entre o homem e seu pai, entre a filha e sua mãe entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos de uma pessoa serão os da sua própria casa.” (Mt 10, 35) É exatamente isso, o discipulado do amor exige transformações e posições que não são muito bem aceitas pelo sistema. Lutar pelo Reino do Amor pode ser desgastante, gerar inimizades, muitos podem se tornar alvo do ódio e aversão, lutar por justiça, igualdade e paz é muitas vezes criar "inimigos", fazer as pessoas olhar e admitir o erro da injustiça e a ganancia é fazê-las ter consciência que estão erradas, que precisam mudar, sair da zona de conforto e nem todos querem isso. Quando Jesus fez isso há mais de dois mil anos atrás foi supliciado, condenado e morto na Cruz. Viver no Caminho de Jesus é mudar nossas vidas não compactuar com a injustiça é não crer que o egoísmo pode ser mais forte, e isso vai nos separar muitas vezes das pessoas que amamos, vai causar dissensões, porque os profetas e profetizas do amor não podem ser calados. Que Senhor Deus amoroso, transforme nossas vidas cada dia mais para que possamos ser agentes da paz e da renovação no Caminho do Amor. Em Romanos 5. 1-8 , somos convidados e convidadas a nos alegrar pois Deus em Cristo nos justifica em uma nova esperança, a esperança daqueles que com fé Depositam sua confiança em Deus que nunca nos desampara, mesmo diante das dificuldades, quando muitas vezes não conseguimos enxergar a luz no final do túnel, através da Fé, esperança e do amor alcançamos essa Luz que é o Cristo.
Em momentos como os que estamos vivendo, neste cenário de medo e morte causado pela propagação do vírus da COVID 19. Ainda mais agora, com abertura de shoppings, academias, lojas e a volta do transporte público, tudo isto contribuiu para elevar exponencialmente a curva do contágio e colocou o Brasil em segundo, atrás dos Estados Unidos. Para dificultar ainda mais o atual governo brasileiro tem bloqueado as informações e mascarado os números. São nestes momentos que precisamos manter nossa fé e esperança em Deus e olhar com solidariedade para aqueles que mais sofrem. No final do século IV da era cristã na cidade de Cesaréia, hoje Turquia, houve uma grande seca o que ocasionou uma enorme escassez de alimentos, diante desta situação as pessoas mais pobres estavam passando fome e morrendo de doenças. Na época São Basílio de Cesaréia era o atual bispo da cidade, vendo que miséria e a fome recaía sobre os mais pobres, Basílio exortou os ricos proprietários de terras a abrirem seus celeiros cheios de grãos e compartilhar com os mais pobres. Basílio começa a sofrer retaliações pelos mais ricos que não querem repartir. Algumas pessoas se sentem comovidas por seus sermões e exortações e o ajudam a levantar fundos para construir uma cozinha comunitária e um hospital, que talvez seja o primeiro hospital da história e existe até hoje. O que vivemos hoje não é diferente. A pandemia pode levar até 14 milhões pessoas no Brasil à pobreza e no mundo, é estimado que 527 milhões atinjam a pobreza. Os dados são de um estudo publicado pelo Instituto Mundial das Nações Unidas para a Pesquisa Econômica do Desenvolvimento. Novamente assim como na época de São Basílio os mais ricos não estão preocupados com essas pessoas. Assim como o rico empresário não está interessado se seu funcionário está na linha de frente trabalhando para não ser despedido, porque precisa alimentar a família, se vai ou não contrair COVID 19, também não está preocupado em despedir funcionários para que seus lucros milionários cresçam ainda mais. O que importa para esse tipo de pessoa é que seus ganhos estejam acima de tudo, inclusive acima da vida. Jesus estava preocupado com todas as pessoas, principalmente com as mais pobres e desvalidas, saiu por toda Israel a curar e alimentar o corpo e o espírito. Sua mensagem é muito clara e nessas épocas soa com maior responsabilidade para aqueles que desejam ser cristãos de verdade, a solidariedade precisa estar em alta nas nossas vidas em ações e gestos. Não podemos nos considerar seguidores de Jesus se realmente não realizamos em nossa vida a sua Palavra, se apenas nos deixamos levar por ações vazias que não se revertem em atos de amor para com aqueles que sofrem, um pequeno ato de amor já é suficiente para começar. Que o Senhor toque em nossos corações e nos faça olhar com amor e cuidado para quem está próximo de nós e necessita da nossa solidariedade. Reflexão 7º Domingo da Páscoa - Atos 1. 6-14 A primeira leitura do livro dos atos dos Apóstolos que na verdade é uma continuação do evangelho de Lucas, faz menção a ascensão, com significado de transcendência, elevação. Podemos traçar um paralelo com outros escritos históricos da Bíblia semelhantes, como Henoc (Gn 5,24), Elias ( 2,1-13) ou com Daniel que se elevou em uma nuvem (Dn7). Os discípulos estavam preocupados com a Missão, eles não haviam entendido o ministério verdadeiro do Cristo, eles o entenderam como restauração política de Israel, pois era a pauta do momento, Israel vivia sob domínio do império romano. Embora não fosse essa a missão de Jesus, sua morte teve esteve envolvida com a política da época. Seu evangelho não tinha nenhuma ligação partidária, mas, possuía um viés político no sentido clássico desta palavra, política como ação que interfere nas relações e na vida das pessoas. O reino de Deus não pode ser privatizado apenas como uma dimensão espiritual, como perdão do pecador e reconciliação com Deus. ¹ Mas, com o sentido de mudança, de transformação profunda, de conversão, pois Jesus era crítico frente as tradições sociais e religiosas que oprimiam as pessoas. Sua mensagem se caracterizou em desbancar as estruturas injustas. Jesus foi claro e conciso, sua missão era pedagógica, trazer esclarecimento e encarnar a Palavra de Deus. Ele trouxe o caminho, cabia aos discípulos implantar o Evangelho do acolhimento e do amor nas novas comunidades que surgiriam. Para isso o Espírito Santo, Ruah Divina insuflaria sobre eles e elas o esclarecimento. Jesus convida-os e nos convida ao discipulado. Ser discípulo ou discipula de Jesus significa dar o primeiro passo. Exatamente como Pedro, Levi e os outros apóstolos e apóstolas que, receberam o chamado e largaram tudo para seguir, eles não deixaram para amanhã ou depois, eles não se preocuparam em resolver primeiro suas questões particulares, mas, colocaram-se ao serviço imediatamente. Disputado é compromisso com cristo. Somente a doutrina, o conhecimento religioso e ou a prática religiosa não são necessariamente discipulado. ² Algumas pessoas acreditam que só ir a Igreja, frequentar o Culto, rezar e ler a Bíblia é suficiente. Se não houver testemunho verdadeiro e obediência ao chamado que é colocar-se a servir e militar no Reino não há discipulado verdadeiro. Todas estas ações se tornam nulas porque não há prática testemunhal. Situações como as da COVID 19 que vivemos, são ótimas oportunidades para alimentar nossa fé e espiritualidade, cuidar daqueles que mais precisam. Fiquemos vigilantes, na oração e no cuidado com todos.
O martírio de estevão que ouvimos na primeira leitura nos mostra bem o contexto pelo qual os primeiros cristãos viviam naquele tempo. Em meio a perseguição e o sofrimento Estevão manteve sua fé viva e a esperança em Deus. Seguir o caminho do amor levou Estevão a encontrar forças, paz mesmo diante da morte a perdoar aqueles que o apedrejavam dizendo: "Senhor, não leve esse pecado em consideração" ele confiou em Deus. Desta mesma forma precisamos refletir, o que nos leva a dar espaço ao Espirito Santo em nossa Vida? Como podemos permitir o agir de Deus em nossas vidas? A Oração, a leitura bíblica e a reflexão são um bom caminho para isso. Rezamos no Salmo 31,1: “em você, Ó Senhor, eu me refugiei." Este salmo é uma declaração a Deus em tempos de angústia, em momentos de medo e aflição. Precisamos nos voltar para Deus, nestes tempos difíceis ele nos consola e dá alívio diante das dificuldades. No Evangelho Jesus pede aos discípulos que não tenham medo, ele sabia que isso era impossível, que o medo faz parte de nossa natureza. Mas queria que que acreditassem nele, da mesma forma que nos pede que tenhamos confiança nesses dias. O medo existe e também é necessário, só não podemos deixar que nossos medos nos separem de Deus, nos façam deixar de amar as pessoas. Diante da dúvida e do medo dos discípulos a resposta de Jesus é um desafio; “Eu sou o caminho e a vida.” Hoje, quantas pessoas estão sem caminho, sem caminho para Deus, algumas nem são ateus, muitos nem sabem se creem ou não. Talvez tenham abandonado a Igreja porque não encontraram nela um caminho, muitas pessoas não encontraram acolhimento, não se sentiram bem por algum motivo, talvez até tenham sido excluídas, por seu modo de pensar ou de agir. Contudo, o Movimento de Jesus, o Caminho do Amor é maior que a demonização ou Igreja, não devemos confundir esse caminho com algumas pessoas que encontramos pelo caminho e que não o seguem verdadeiramente. Jesus nos entregou um caminho, existem muitos outros caminhos, mas o caminho de jesus é fé, sobretudo amor e partilhar. Quem quiser que tome a sua cruz e siga, foi assim que ele disse. Caminhemos sobre a luz de Deus, caminhemos pelo amor que renova todas as coisas. Não precisamos perder tempo, o chamado é imediato e vem direto do Cristo, através do nosso coração, ouçamos a voz de Deus que fala em nós. Ouçamos o que o Espírito Santo nos diz, nos coloquemos a seguir o caminho de Jesus. A imagem do bom pastor era muito familiar em Israel no tempo de Jesus. Moisés, Saul, Davi e muitos outros líderes eram pastores. Jesus diz, eu sou porta, ou seja, o caminho das ovelhas. Todos sabemos que as ovelhas só ouvem o chamado do seu pastor, elas conhecem sua voz e seguem firme, porque sentem segurança no chamado do pastor. Para as primeiras comunidades cristãs, a figura do bom pastor transmitia uma mensagem de confiança e consolo, com o tempo, a palavra “pastor” ou pastora (a), começou a ser utilizada para aqueles ou aquelas que lideravam as comunidades cristãs. O caminho do “Movimento de Jesus” é exatamente assim, ele nos traz consolo, sua mensagem nos faz saber que nele podemos confiar e que sempre há esperança, mesmo diante de momentos tão difíceis como estes que estamos passando. O bom pastor é aquele que cuida das suas ovelhas, se preocupa com elas, não deixa que aqueles que o seguem estejam em situação de perigos. Toda liderança seja ela religiosa ou não, seja ela um chefe de nação ou responsável por um grupo de pessoas deve ter responsabilidade e cuidado com aqueles que lhe são designados a cuidar, ao sinal de um mínimo perigo deve cuidar de todos e todas. Infelizmente, tanto naquela época quanto hoje temos os lobos, aqueles que só querem se beneficiar. São os chamados falsos profetas, aqueles que semeiam a discórdia e injustiça, que se utilizam da palavra de Deus para enganar as pessoas, incentivando a divisão, o ódio, a exclusão e ao fundamentalismo, pensando em seu próprio bolso, mercenários que transformam a religião em mercado vendendo falsas curas e falsos milagres. Sãos eles os lobos que tanto nos fala Jesus nos evangelhos. Jesus transformou seu ministério em uma ação de amor. Ele dedicou-se sobretudo as ovelhas perdidas de Israel, as mais fracas, as mais enfermas e feridas, as mais desgarradas. Podendo, não quis ser um chefe dedicado a dirigir, governar ou controlar. Seu ministério se dedicou a dar a vida, curar e perdoar, resgatar aqueles e aquelas que perderam a dignidade. Como é grande o amor de Deus né? Como ele se preocupa em acolher a todas as pessoas, eu creio que seu maior dom é nos dar dignidade, transformar a vida de cada pessoa em uma conversão diária ao amor e a doação. A nossa vida é cheia de rotinas, em geral pode parecer que nossa vida nada tem de excepcional, cheia de repetições. Isso é uma característica de nossa humanidade. Somos ao mesmo tempo, responsáveis e vítimas desse estilo de vida, e podemos crescer e evoluir como pessoas ou podemos desperdiçar nossa vida sem aproveitá-la. Podemos ser responsáveis ou negligentes, ter dignidade ou viver na mediocridade, viver inspirados no amor ou indiferentes, viver superficialmente ou focar nossa vida no essencial. Permitir que nossa confiança e esperança em Deus seja renovada a cada dia, ou perder e dissolver nossa fé nesse mundo plástico e sintético e destrutivo de hoje. É uma decisão individual de cada um(a) dar tonacidade a vida fortalecendo nossas decisões para que sejam pró vida, pró amor, solidárias a exemplo de Jesus. Karl Rahner um teólogo alemão tem uma frase interessante sobre esta assunto: “Para o Homem interior e espiritual não há melhor mestre que a vida cotidiana.” Com certeza muitas pessoas estão cansadas de ficar em casa neste período de quarentena, outras cansadas da vida, do dia-a-dia, estressadas com medo do futuro. Talvez não estejam encontrando sentido a suas vidas, não se sentem felizes, com o trabalho que tem, com o carro, a casa, o marido ou esposa, o status atual. Essa falta de sentido não é outra coisa senão a ausência de um caminho verdadeiro para seguir e esse caminho é o caminho do amor, da solidariedade do serviço ao próximo e isso vamos encontrar caminhando juntos com o Movimento de Jesus que é se reflete na vida de cada um de nós com paz, amor, acolhimento e solidariedade. Pregação do Domingo de Páscoa Existem quatorze relatos sobre a ressurreição de Jesus nos quatro evangelhos, nenhum descreve a ressurreição real ou o aspecto físico de Cristo ressuscitado. Mateus centraliza seu relato no achado do sepulcro vazio e do encontro de Jesus com as mulheres, e desmente que o sepulcro vazio se deva a que os discípulos haviam roubado o corpo do mestre, como alguns diziam. Depois vai relatar a parição de Jesus aos onze discípulos que lhes comissiona a missão de evangelizar. Cada evangelista deu um enfoque a seu relato, mas, todos os quatro evangelistas focaram na fé dos discípulos em Jesus vivo e ressuscitado. Como cristãos precisamos entender que crer no Cristo ressuscitado não é somente crer em algo que aconteceu a dois mil anos atrás, mas é saber escutar no mais profundo de nosso ser as palavras do livro do apocalipse: “Não tenhais medo, sou eu, aquele que vive. Estive morto, mais agora estou vivo pelos séculos dos séculos.” (Ap 1,17-18). Celebrar a pascoa é entender que a alegria venceu a morte e que o Cristo está ai em nós, no meio de nossas angustias e alegrias, no meio de nossas fraquezas e forças, quando estamos tristes e contentes, quando estamos doentes ou curados. O vírus da Covid 19 já matou mais de 100 mil pessoas em todo o mundo, segundo informações da OMS. Devemos saber e crer na ressurreição e assim saberemos que aqueles que se foram, estarão sendo recebidos pelo cristo ressuscitado. Somos nós que permanecemos aqui que precisamos alcançar forças, que precisamos acreditar que ao final das trevas sempre brilha a luz. É preciso ter fé, e permitir que nossa fé nos ajude a caminhar em direção de uma vida em Deus, acreditando na força libertadora da Ressurreição do homem de Nazaré. Cuidando para que a solidariedade seja sempre presente na vida de cada um, que nossos corpos sejam testemunhas vivas da ressurreição de jesus espalhando o evangelho do amor, que nos ensina que somos filhos e filhas do Pai Materno, sem nenhuma distinção por parte dele. De acordo com o teólogo Leonardo Boff: “O Caos nunca é só caótico, ele é generativo, ou seja, vivendo uma situação de caos se anuncia lentamente uma nova ordem das coisas.” O que eu quero dizer é que nesse momento tão difícil que as pessoas estão ansiosas, com medo, sem saber o que pode acontecer, o que é muito normal em situações como essas, precisamos manter a fé, e refletir sobre as circunstâncias, enquanto humanidade, enquanto pessoas, precisamos fazer mudanças, desviar da atual rota e procurar um caminho mais acessível, ter mais cuidado com as pessoas, o planeta, mais cuidado com nossas relações familiares, de amizade. Que possamos encontrar diante de tudo isso equilíbrio. Mais do que nunca a humanidade está doente, precisa se cuidar, doente da inveja, do ódio, do egoísmo da falta de amor pelos outros (as). Precisamos voltar-nos para o amor solidário e verdadeiro que vem de Deus. A páscoa é a festa dos que se sentem sós e perdidos. A festa dos que se sentem mortos por dentro, dos que gemem oprimidos pelo peso da vida e pela mediocridade de seu coração. É a festa de todos nós que sabemos que somos mortais, mas através do Cristo ressuscitado temos esperança de vida eterna. Por isso Jesus disse: Tende paz em mim. No mundo tereis tribulações, mas, tende coragem eu venci o mundo! ( Jo 16,33). Cristo ressuscitou, Aleluia, verdadeiramente ressuscitou, que continue ressurgindo em nossos corações a esperança do Cristo ressuscitado. O relato da ressurreição de Lázaro mostra uma face de Jesus muito humana, que se preocupa com seu amigo Lázaro. Jesus chora a morte do amigo.
A Ressurreição de Lázaro antecipa a própria Ressurreição de Jesus e a nossa própria Ressurreição. Jesus podia ter curado Lázaro, mas, decide ficar mais dois dias onde estava antes de seguir para a casa de Lázaro. Ele prefere mostrar o quanto podemos com Deus, e quanto precisamos de Deus e o quanto o amor de Deus pode transformar a nossa vida. Lázaro voltou e sua vida continuou até a morte, Jesus ressuscita para não mais morrer, para vencer a morte e celebrar a vida, com ele nós somos coparticipantes da ressurreição. Somos convidados a ter esperança, a crer e ter fé de que há um plano de Deus que nos revela seu amor por toda humanidade. ao morrer. Nós temos um desejo insaciável de vida, passamos a vida toda lutando para sobreviver. Buscamos meios de estender ao máximo a vida, através da ciência, da medicina buscamos mais vida, mas quando chega o momento da morte não há mais o que fazer, não temos como fugir da morte. Atualmente o mundo está lutando muito pela vida, a situação causada por esta pandemia do Covid 19, tem causado a morte de milhares de pessoas por todo o mundo. Essa situação também tem duas faces, o lado ruim no qual muitas pessoas perderam entes queridos e ainda perderão, infelizmente, mas tem um lado positivo nisso, o que estamos aprendendo com isso? Precisamos ter mais responsabilidade com o planeta, nossa casa comum. Aprendemos que precisamos de solidariedade entre pessoas, vizinhos de uma mesma comunidade, rua, cidade, cooperação entre as nações. A vida precisa sempre ser renovada, sem dor, sem fome, sem guerra um pouco mais feliz, embora ainda resistimos muito com isso. Precisamos refletir, nunca tivemos tanta oportunidade de viver mais felizes, contudo, nunca se sentiu tanta impotência, diante do futuro, tanta incerteza. Precisamos enquanto sociedade humana, repensar na forma e no jeito pelo qual queremos viver no futuro. Nestes momentos difíceis é preciso refletir sobre a nossa fragilidade, precisamos do amor de Deus, precisamos de Deus em nossa vida. O Amor e a solidariedade são os caminhos para uma humanidade mais feliz. Cuidemos uns dos outros. Esse momento tão crítico, é uma oportunidade para que possamos colocar é pratica a verdadeira solidariedade evangélica. Em Deus encontramos esperança, em Jesus um caminho a ser seguido. O relato de João não tem só por objetivo mostrar a ressurreição de Lázaro, mas, despertar em nós a fé, para que não tenhamos a ressurreição como algo muito longe de nós, que só ocorrerá no fim do mundo e sim que creiamos que Deus está infundindo uma nova vida naqueles que estão partindo. Precisamos esperançar, em Jesus conhecemos a face materna do Pai, o Deus amoroso que nos apresenta a esperança de uma nova vida em Deus, a esperança de quando partirmos viver na Ressurreição com nossos irmãos que já partiram. e A primeira leitura de (Êxodo 24, 12-18) foi escrita na época em que Israel passava pelo exílio babilônico, nesta época o culto era muito importante para o povo hebreu, estando fora de Israel em um país de tradições diferentes era importante preservar o Culto ao único Deus, por isso essa parte do êxodo vai se referir muitas vezes aos sacerdotes e a ordenações do Culto. Relembrando a Aliança de Moisés e o convite de adoração ao Deus Libertador.
O Escritor sagrado descreve uma teofania, manifestação da Glória de Deus, através de uma nuvem de tempestade significando poder e grande força, seguida de uma luz radiante o reflexo irradiará a face de Moisés, significando a majestade de Deus, que reflete sua Luz salvífica que ilumina o gênero humano. Essa mesma luz vai encher a tenda com a Arca da Aliança encherá o Templo de Salomão e Jesus se transfigurará através dela. O texto nos indica uma reflexão. Como estamos irradiando a luz divina em nós? De que forma estamos nos relacionando com Deus? Será que estamos refletindo essa luz divina aos nossos irmãos e irmãs, como testemunho do evangelho para o qual queremos viver e ser testemunhas? A Carta de Pedro 1. 16-21 nos chama a uma vida santa em Deus, porque Deus é Santo e nós também fomos santificados pelo batismo e chamados a imitar Deus em todas as coisas. (VV17): “Se invocais como Pai aquele que sem distinção de pessoas, julga a cada segundo as vossas obras, vivei no temor de Deus.” Ou seja, viver uma vida baseada na busca daquilo que é santo e sagrado, porque as coisas deste mundo passarão. Quantas pessoas vivem uma vida superficial, sem Deus, sem vivência comunitária, hoje é muito comum as pessoas se manterem longe da Igreja, achando mil defeitos. Quantas pessoas não veem a vida passar porque estão tão preocupadas em trabalhar, pagar as contas, adquirir mais, valorizando muito coisas materiais que são passageiras e esquecendo-se do verdadeiro compromisso de ser cristão e testemunhar o evangelho do amor, vivendo comunitariamente como sinais vivos da Graça de Deus. Muita gente valoriza mais o shopping center, comprar, consumir do que ir a Igreja ouvir a palavra de Deus. Nossos jovens não estão aprendendo a se relacionar com Deus, muitos nem mesmo conhecem a Deus, porque seus pais não tiveram tempo de levá-los a Igreja ou ensinar-lhes sobre Deus. Como diz Pagola, Vivemos imersos em uma cultura da intranscendência, que prende as pessoas no aqui agora, no imediatismo, sem abertura para o mistério. Estamos vivendo no mundo do divertimento, que nos arranca do espiritual e eterno e nos faz acreditar que precisamos buscar a satisfação pessoal o tempo todo. através da ciência e da tecnologia, estamos informados o tempo todo de tudo o que acontece, só não conseguimos achar o caminho para construir a nossa felicidade. Como dizia do diretor do La Croix, G Hourdin " O homem está se tornando incapaz de querer ser livre, de julgar a si mesmo, de mudar seu modo de vida. Está se convertendo no robô disciplinado que trabalha para ganhar dinheiro que depois desfrutará numas férias coletivas. Lê as revistas da moda, vê os programas de TV que todo mundo vê. Aprende assim o que ele é, o que e como deve pensar e viver." Quando aparecem os problemas, doenças, depressões; as pessoas lembram-se de Deus. Hoje mais da metade da população sofre de algum mau psicológico, depressão ansiedade; resultado de um modelo de vida estafante sem tempo para nada, somos obrigados a viver “correndo o tempo todo atrás da máquina” como dizem. As relações com Deus a Igreja, os irmãos e irmãs vão ficando para atrás. Quando chega domingo, estamos cansados demais para ir a Igreja, qualquer desculpa é incentivo para ficar em casa e não ir. Muitos de nós já tivemos uma experiencia com Deus, em retiros, durante um evento religioso, de alguma forma já experimentamos a sensação de sentir Deus próximo. Através da oração de momento único no qual escutamos uma musica que nos toca, ou uma liturgia ou ritual que mexe conosco. Essas experiencias religiosas são muito importantes para a nossa fé, embora esse momentos extraordinários não durem muito, é importante cada vez mais nos relacionar com Deus, seja através da oração, da musica dos sacramentos, conseguimos renovar nossa conexão com o sagrado. Quando Jesus leva Pedro, Tiago e João para um lugar retirado (Mt 17: 1-9), a Bíblia nos fala de um monte um lugar elevado, talvez metaforicamente, indicando elevação espiritual, maior aproximação com Deus. Seu rosto se transfigura, ficando resplandecente, revelando a verdadeira glória de Deus, que não consiste nas coisas mundanas, nas coisas debaixo, mas, superiores que são de Deus, que não podem ser alcançadas pelo estilo de vida oferecido atualmente, egoísmo, individualismo e indiferença. Através do amor fraterno, desinteressado que nos levar a cuidar do outro e da outra. Se prestar bem atenção só Jesus está resplandecente, Moisés e Elias apenas conversam com Jesus, pois a lei e os profetas do antigo testamento são orientados por ele. É fácil perceber em Pedro o reflexo da humanidade, o quanto o egoísmo está presente, mesmo em um cenário religioso. Pedro não se importou com os outros, para ele estava bom ali. Queria Deus só para ele, o que não é diferente de muitas pessoas que se apoderam de Deus só para elas, pensando em viver a sós, no seu próprio mundo com o Deus que acham que deve ser. Não é este o plano de Deus, ele nos quer vivendo em fraternidade e solidariedade. Quando os discípulos caem no chão cheio de medos, o próprio Jesus os consola, ele se aproxima e toca, como tocava os enfermos e os curava. Ele diz: "levantem-se, não tenho medo". Pensemos em nós hoje, o quanto temos medo de seguir o caminho de Jesus? de escutar sua mensagem de libertação, de se permitir transformar-se e ser testemunho desta mensagem, propagá-la a todos que quiserem ouvi-l através do anuncio profético e de ações de amor. Na verdade precisamos nos deixar ser tocados por Jesus, permitir que sejamos curados e libertados por ele. Não precisamos ter medo, ele enviou o Espirito Santo para nos dar ciência de sua palavra. Se queremos ser cristãos verdadeiros, devemos ouvir a voz de Deus quando ele nos diz: " Esse é o meu filho muito amado, escutai-o" Precisamos fazer silencio para ouvir a voz de Deus e calar as vozes do mundo. Essa experiencia vai nos ajudara viver uma vida muito mais espiritual e menos superficial, nos ensinar a prestar atenção no que realmente é importante e essencial. Somos livres para ouvir ou dar as costas para ele, a decisão é tão somente nossa. Como Igreja precisamos entender primeiramente o pensamento teológico e qual o sentido da Bíblia enquanto base de nossa fé. Existe um pensamento de que a Bíblia é a palavra de Deus e tudo o que está escrito nela procede de Deus, a grande maioria dos cristãos pensa e acredita assim, e isso leva a uma grande confusão e fundamentalismo religioso. A bibliolatria, dogmatização e máxima atenção a palavra escrita, como única fonte, recebida diretamente de Deus, como se ela expressasse exatamente o pensamento de Deus, tem causado intensas divisões não só na Igreja, mas, entre as pessoas. Mas aí vem a pergunta, qual o sentido então das Escrituras para Igreja? O teólogo anglicano Fredereick Denison Maurice nos ajuda a entender. Para Maurice proclamar que a Bíblia era a Palavra de Deus é mais que exagero, pois ele achava que a Palavra de Deus estava muito acima das Escrituras, como ensinava o próprio São João e o reformador George Fox. A Bíblia contém sim a Palavra de Deus que foi vivenciada na história e no contexto comunitário, as experiências que aquelas comunidades viveram escreveram, como eles sentiam e se relacionavam com Deus, em muitos casos através de uma relação de amor e ódio, dependendo de como eles entendiam as ações humanas de Deus ou o amavam ou o detestavam e procuravam outras formas de Cultos ou apenas se esqueciam de sua mensagem de libertação.
A Bíblia é nosso referencial de fé, ela é de onde parte nossa espiritualidade como cristãos que querem viver o Reino de Deus e todo o ideal que esse Reino evoca. Assim como a tradição, e os escritos dos Santos Padres e Madres da Igreja, assim como os Credos são os testemunhos das comunidades de fé. Devemos nos basear sempre nas escrituras, principalmente em nossas comunidades de fé, que devem viver e experienciar a fé através das escrituras e da ação profética que ela deve promover na sociedade. As escrituras reafirmam nossos ideais que devem estar calcados, sobretudo no contexto da solidariedade, da partilha e do amor fraterno, afastando todo e qualquer pensamento que gere individualismo e exclusão, que violente o mandamento máximo deixado por Jesus em João 15,12. Quando usamos os textos bíblicos para a transformação humana, como metanoia para todo tipo de ação que gera exclusão e violência contra o outro e a outra, então estamos nos servindo da palavra de Deus que é viva e se encontra na vivência comunitária dos irmãos e irmãs de fé. Aí não causamos danos e nem corremos o risco de distorcer a palavra de Deus da qual Jesus explicita claramente na sinagoga de Nazaré (Lc 4,21s) revelando o modelo da sua, enquanto Deus encarnado e da nossa missão enquanto seguidores dele. Ele é o modelo certo de como o homem e a mulher cristã devem ser. Deixando claro que a Palavra de Deus precisa ser transformadora, ela precisa causar mudanças nas pessoas e tudo o que ela nos ensina é a viver essas transformações em na nossa vida e sobretudo, como Igreja que caminha em busca do reino que não é deste mundo, ou seja, ele não está na matéria e nem tão pouco nas coisas passageiras deste mundo, ele está no espirito, na ação e no pensamento daqueles que conseguem entender a mensagem do Pai. Primeiramente acredito que precisamos assumir uma postura de compromisso diante da Palavra de Deus, sendo batizados nos tornamos co-participantes do sacerdócio de Jesus e consequentemente seus discípulos, com a tarefa de anunciar o Reino de Deus. Como anglicanos ainda somos chamados através das marcas da missão a evangelizar e ajudar a formar os novos cristãos. Desta forma é uma tarefa universal de todos cristão orientar e esclarecer aqueles que chegam ou que possuem pouco conhecimento na fé.
Além de pensar na Bíblia como Palavra de Deus devemos também pensar como ela se faz uma realidade para nós hoje, tanto como indivíduos quanto como comunidade. A Bíblia foi escrita, preservada e transmitida por uma comunidade de fé e também é dedicada à comunidade. Por isso, o lugar natural para ouvi-la, interpretá-la e discuti-la é na comunidade reunida, tanto para a adoração quanto para o estudo comunitário da Bíblia. Porém, interpretar não é uma atividade informativa exclusiva dos pregadores, dos exegetas e dos especialistas bíblicos; é uma atividade comunitária para a qual todos e cada um, incluindo o pregador, o exegeta, o especialista bíblico, e os que têm mais conhecimentos dentro do grupo, devem contribuir. Ainda no âmbito das comunidades é preciso criar uma cultura de envolvimento com o estudo e a formação bíblica, tão importante para o crescimento das comunidades, com formação de base e uma hermenêutica aberta e voltada para o crescimento, deixam de crescer no seio das comunidades o fundamentalismo religioso tão disseminado por muitas confissões pentecostais atualmente. A Palavra de Deus que deve promover vida, sentido, orientar e não rebaixar, tornar o cristão um mero servidor, que serve por medo e não por amor, que serve ao um Deus vingativo, impiedoso, incapaz de perdoar. É consciência de que Deus nos ama indistintamente e como tal devemos distribuir seu amor na comunidade ou onde estamos presentes, através do cuidado uns dos outros, que vemos os sinais da mensagem de Deus bem plantada em jardins que dão frutos. A formação cristã tanto para clérigos e clérigas, leigos e leigas deve e tem que ser constante, as comunidades são lugares de convívio fraterno, louvor adoração, mas também escolas do Evangelho, ali aprendemos, ouvimos, discutimos e devemos começar a vivenciar a Palavra de Deus. Evidentemente que aqueles que possuem mais formação serão os que mais devem estar preocupados e encarregados da exegese comunitária, decodificando a mensagem sempre com muito amor e muito cuidado, sabendo que a mensagem precisa ser viva, promover vida, luz, inclusão e libertação. A crença na vida após a morte é algo que está intrínseco a vida de cada ser humano. Em toda a história não há um povo sequer que não tenha baseado suas crenças religiosas em uma vida após a morte. Um exemplo de civilização que acreditava em uma vida após a morte e praticava o culto dos mortos foram os Egípcios. Para eles, mesmo após a morte, a vida humana continuava em outro lugar com as mesmas necessidades (moradia, alimentação, etc.). Por isso, os egípcios conservavam os cadáveres para que sua continuidade fosse mantida no além. Os mortos eram tratados da mesma forma que as divindades. Foram desenvolvidos processos que mantiveram os corpos conservados por muito tempo, protegidos contra quaisquer forças que pudessem desintegrá-los. Antigos povos sumérios e babilônios já tinham uma crença bem desenvolvida sobre a vida após a morte.
Aliás o mistério da morte, pela qual não temos mais nenhuma informação, que cessa a vida corpórea e silencia a alma, pelo menos para esse mundo, é realmente uma coisa muito envolvente, geralmente temos medo daquilo que desconhecemos, e nós desconhecemos qualquer tipo de experiência da vida após a morte, na verdade, se não for pela fé, nem mesmo teríamos certeza de que existe uma vida após essa. Os saduceus da época de Jesus não acreditavam na ressurreição, alias eles não criam em nenhuma manifestação espiritual, para eles, assim como para muitos céticos de hoje, após a morte não existe nada, essa é a única vida que temos e devemos vive-la intensamente, sem se preocupar com ninguém a não ser com nosso próprio bem estar, já que a vida termina realmente com a morte. Talvez isso ajude a explicar, o motivo de tantas pessoas viverem para si, e esquecerem-se dos outros e das outras. Imagine pessoas que passaram a vida sofrendo, sem conhecerem as coisas boas, pessoas que são privadas das necessidades mais simples, como ter o comer todos os dias, não ter abrigo , não conhecer um pouco do que há de bom. Essas pessoas morreram e então, para elas tudo terminou, a vida passou malogradamente e não puderam sentir e nem desfrutar das maravilhas da criação? Não, Deus não é um egoísta, que possui a eternidade apenas para si. Só a fé em Deus já nos abre para a possibilidade de uma vida além daqui. Basta olhar o universo, e todas as suas movimentações para que possamos conhecer a Deus, quando o vemos como um mecanismo tão perfeito, tão minimamente projetado para funcionar, onde todas as coisas se encaixam como um quebra cabeça, não perceber a mão de Deus, não vislumbrar a eternidade em tudo isso é estar totalmente fechados para o mundo que gira em nossa volta. Não podemos imaginar uma vida futura de acordo com a nossa atual, nisto Jesus foi muito claro quando os saduceus perguntam sobre a ressurreição. Há uma grande diferença entre essa nossa vida atual e a futura, onde poderemos experimentar mais profundamente o amor de Deus para conosco. A ressurreição transformou Jesus, enquanto homem, filho de Deus, ele experimentou na carne os flagelos da vida humana, tornou-se humano e igual a nós, para que pudesse nos fazer entender que o amor do Pai é imenso, por seus filhos e filhas, mas, ao ressucitar percebemos nas palavras dos escritores sagrados que Jesus era um novo homem, não mais preso a essa carcaça, mas, luminoso e erradicado do peso das mazelas humanas. Paulo aos coríntios diz que “é algo que o olho nunca viu e o ouvido nunca ouviu, nem homem ou mulher imaginaram, o que Deus preparou para nós com seu amor.” O que representa a ressurreição dos mortos que tanto rezamos no credo? Primeiramente precisamos entender o verdadeiro sentido da palavra ressurreição. Ressurreição quer dizer ressurgir, ressuscitar, voltar à vida. A ressurreição do corpo no juízo final é uma crença judaica que teve origem no século II a.C., e mais tarde, e até os dias de hoje, muitas comunidades cristãs acreditam que no dia do Juízo Final os mortos ressuscitarão, sendo que todos terão como destino o Céu ou o Inferno. Essa é uma crença base, de muitas confissões cristã, que realmente acreditam na ressurreição do corpo físico, que o pó se reunirá e passará a ser animado para presenciar o juízo final. Felizmente esse não é o verdadeiro sentido da ressureição do corpo, esse corpo é o nosso corpo espiritual (crístico), que após a morte se encaminha para a ressurreição, para uma vida em uma nova dimensão cósmica, preparada por Deus. Somos chamados a ressurreição, mas, não com o corpo dessa vida, que já passou, mas como o corpo espiritual assim como o próprio Cristo ressuscitou, para além da matéria, muito além do físico. O cristão não pode negar sua vida futura, e sabe que essa atual é um preparação para a ressurreição o Deus da vida não permite a morte eterna, aliás, morte é a palavra e o sentido que damos quando nossos irmãos e irmãs partem dessa vida, morte para nós, mas vida e ressurreição para eles, que participam do amor reconciliador que emana do criador, muito bem descreveu o escritor sagrado no livro da sabedoria: "Tendes compaixão de todos, porque vós podeis tudo; e para que se arrependam, fechais os olhos aos pecados dos homens. Porque amais tudo que existe, e não odiais nada do que fizestes, porquanto, se o odiásseis, não o teríeis feito de modo algum. Como poderia subsistir qualquer coisa, se não o tivésseis querido, e conservar a existência, se por vós não tivesse sido chamada? Mas poupais todos os seres, porque todos são vossos, ó Senhor, que amais a vida."(Sb 11. 23-26). Assim a morte já não é mais morte, e sim vida nova na ressurreição para aqueles que a acreditam no Deus da vida. Hoje existem muitas pessoas que tem uma vivência espiritual e profética muito intensa, profetas e profetizas que não são percebidos, mas estão inseridos em seus contextos comunitários, trabalhando em diversas conjunturas, denunciando a injustiça e o mal, promovendo o amor de Deus, sendo exemplos de fé e esperança para muitas pessoas. Esses profetas e profetizas, na maioria das vezes não parecem nas mídias, não são promovidos e não se tornam celebridades. São homens e mulheres que não compartilham deste projeto sócio político excludente, alimentado por um sistema opressor e famigerado que engole os mais fracos e engorda os mais ricos. São pessoas simples, do povo, que se destacam na liderança de movimentos sociais e milita em causas justas para o crescimento do bem estar das pessoas e de todo o povo de Deus.
Quando vivemos na esperança do Reino de Deus, vivemos com mentes e corações abertos e livres em busca de todas as coisas justas e evangélicas, encarnando o verdadeiro espírito do Cristo ressuscitado que nos anima na esperança de que dias melhores virão. Não podemos perder a esperança de realizar deste já esse reino de justiça e paz, que tanto Jesus nos pediu. Quando nossa espiritualidade nos leva a uma vida de comunhão com Deus e com o mundo a nossa volta, e isso engloba todas as coisas deste mundo; então estamos agindo não só pela palavra, mas também pelo testemunho profético. A comunhão com Deus e com a criação é o primeiro passo de uma longa escada da vida espiritual para um crente. Essa ascese espiritual nos leva a um estado de consciência crística tão grande que nos tornamos parte da obra divina de resgate do homo humanus, para o homo divinus. A tradição cristã grega tem uma doutrina muito bem elaborada chamada theósis, teósis ou theosis (também escrito: theiosis, theopoiesis, theōsis; grego:Θέωσις, significa divinização, deificação ou criação divina) é o processo de transformação de um crente que está pondo em prática (praxis) os ensinos espirituais de Jesus Cristo e seu Evangelho. Em particular, theosis refere-se à realização de semelhança a ou união com Deus, que é o estágio final do processo de transformação e, como tal, o objetivo da vida espiritual. Theosis é o terceiro de três estágios; o primeiro é a purificação (katharsis) e o segundo iluminação (theoria). Por meio da purificação uma pessoa alcança a iluminação e então a santidade. Santidade é a participação da pessoa na vida de Deus.* Através da práxis evangélica, onde encarnamos verdadeiramente aquilo que Jesus nos disse: cuidar uns dos outros, amar o próximo, e isso deve se traduzir em um primeiro momento no olhar para as dificuldades do próximo e procurar amenizá-la, nós alcançamos o primeiro estágio para a vida santa e guiada pelo Espírito Santo. Muitos Santos da Igreja cristã são exemplos dessa vida em Deus, atingiram o nirvana sagrado ou a theósis dos gregos ortodoxos. São Francisco e Santa Clara, Tereza D’Avila e João da Cruz e muitos outros que buscaram essa vida em Deus, não só através da oração (katharsis) e iluminação estudo da Palavra de Deus (theoria), mas, sobretudo da prática do amor de Deus compartilhado entre os irmãos, sobretudo, os que mais precisam. Imitando o próprio Cristo quando nos lembra de que amando uns aos outros estamos realizando o plano do Reino de Deus em nossa vida e na vida do outro ou da outra. Sabemos que não é tão simples assim a realização de uma vida espiritual verdadeira, exigem sacrifícios entrega e muita doação de si mesmo. Esta vida é parte do ministério cristão, contudo, nem todos conseguem buscá-la e tão pouco vivenciá-la, dado ao estilo de vida pelo qual estamos inseridos, tão preocupados em manter nossa vida material que não sobra tempo para uma prática espiritual mais intensa em comunhão com Deus. Por isso disse Jesus: Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos (Lc 10,3). Sabedor que era Jesus, que o mundo nos oferece muitas opções que nos limitam ao plano de Deus, dentre elas o egoísmo e a indiferença pelo outro ou outra, que nos empurra ladeira abaixo para uma vida não espiritual, muito pobre o quase inexistente. As pessoas não estão mais preocupadas com os outros, apenas com seus próprios interesses. Prova disso é que nesses dias frios de inverno, quantos de nós realmente nos preocupamos com moradores de rua que morrem de frio todas as noites? Quantos de nós nos preocupamos verdadeiramente com os mais desvalidos? Permanecemos em nossas casas aquecidas, com comida quente, roupas e agasalhos, enquanto outros passam fome e morrem de frio na rua. Talvez possa me perguntar, mas, o que temos a ver com isso? Não é problema nosso, é um problema social do governo, “eu já faço a minha parte ajudando na Igreja ou na associação de moradores com doação de meus casacos e roupas velhas.” Isso é muito pouco, diante do que nós enquanto pessoas, igrejas e sociedade podem fazer. Claro, antes isso do que nada. Porém devemos buscar com maiores forças resoluções para melhorar a vida dos pequenos, tão amados por Jesus. E isso tem muito a ver com nossa vida espiritual, pois só a fé sem as obras verdadeiras, não tem sentido nenhum. Acolhendo o outro ou a outra, somos acolhidos por Deus. Um dos Ritos fundamentais da Festa das Cabanas, celebrada pelo povo judeu em Pentecostes era o de acender vários candelabros na porta de entrada do Templo(átrio). Por isso neste local, no qual situamos a passagem desta pericope Jesus está exatamente neste local, ele se apresenta como a Luz do Mundo.
A luz que descobre as trevas ilumina a tudo e a todos, ilumina as trevas da ignorância, do mau, do que está oculto, muitas vezes no mais intimo dos corações. Frustrações, medo, ganância, inveja e corrupção e muitos outros sentimentos que destroem vidas humanas. A Luz do Cristo afasta essas trevas, a Luz do cristo aquece nossos corações frios, desaquecidos pela frieza do egoísmo, auto centrismo de nos preocuparmos apenas conosco. Pois a Luz é um dos símbolos mais falados na religião. “O Senhor é minha luz e salvação, a quem deverei temer?” (Sl 27,1). Diz o salmista e cantavam os antigos. Seguir o caminho de Jesus é andar na Luz, ele nos chama a ter responsabilidade a andar em seu caminho. O caminho de Jesus só tem um sentido o do amor. Em certa ocasião escreveu Napoleão Bonaparte que muitos imperadores como Alexandre, Cesar, Aníbal, Carlos Magno, como ele mesmo fundaram poderosos impérios, sobre o que? Força, brutalidade. Jesus fundou seu império sobre o amor. Então ele mesmo(Jesus) nos desafia, paraque possamos caminhar pela Luz, caminhar na luz é ser sobretudo, promotores e promotoras da paz. Daí ele mesmo diz: “ Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida(vs 12). Ele nos convida a fazer o seu caminho, trilhar as sua veredas, seguir o Movimento de Jesus. O desafio de caminhar a serviço do reino. Como podemos fazer isso? Como podemos agir, como cristãos e cristãs diante de um mundo onde há tanta injustiça? Exclusão, exploração, fome, pobreza, tráfico, guerra e tantas e tantas violências contra a integridade humana. Ele já nos deu exemplo, o Deus que se humanizou, desceu de sua divindade para tornar-se humano e sentir a miséria humana, solidariza-se conosco, sentido as mesmas dores e as mesmas aflições. Então ele nos responde, sejam portadores da paz. Cuidai um dos outros. Quem segue o caminho de Jesus não compactua com a morte, não aceita nenhum tipo de transgressão que fere a dignidade humana, que mata e aniquila o outro e a outra, que submete a escravidão e a miséria física, moral e espiritual. Nesta semana que comemoramos a SOUC, oramos junto como Igrejas que confessam em comum uma mesma fé batismal oraram e refletiram sobre tantas injustiças que ferem o maior mandamento, que é amar. Não devemos jogar o caminho do Reino de Deus nos obscurantismo e nos esquecimento, não podemos apenas cumprir uma parte do que Jesus pediu, aquilo que é mais fácil e conveniente deixando de lado o que é verdadeiramente importante, achando que já estamos fazendo alguma coisa e isso já é bom. Assim como hoje celebramos o Pentecostes, que traz a mensagem de união, na leitura de pentecostes em Atos 2, lemos que o fogo, a Luz unificou toda diversidade presente para o entendimento no amor de Deus. Pentecostes misturou e uniu toda a pluralidade presente, gregos, judeus romanos e outros. Assim como diz o profeta Joel, o Dom do Espirito Santo será para todas as pessoas, sem distinção, até porque Deus não distingue pessoas, diante dele não existe os preferidos, eleitos, todos somos eleitos – Chamados, chamadas – ao amor de Deus. Este ano a SOUC foi elaborada por irmãos e irmãs da Indonésia, lá eles tem cinco princípios básicos, chamados Pancasila, a saber: Crença em um único Deus, humanidade justa e civilizada, unidade, democracia e sobretudo justiça social. São princípios norteadores para eles, não significa que os cumpram sempre, mas, buscam isso. Justiça social, o que nós temos a ver com isso? O que nós cristãos temos com isso? Tudo, toda a doutrina de Jesus, o Evangelho está calcado na busca pela justiça, pelo bem de todos. "Quem me segue, não andará nas trevas." Foi o que Jesus disse. Ele e o Pai comungam do mesmo projeto de vida, amor, unidade, liberdade, igualdade cuidar uns dos outros. Jesus muito mais cuidou das pessoas que pregou se observarmos os relatos evangélicos. No Pentecostes não podemos nos esquecer de que o Espirito Santo se manifestou em uma casa simples, não em um Templo grande e bonito, mas. e um lugar muito comum, para pessoas simples, vindas de vários lugares, diferente povos e línguas, nos revelando que Deus é para todos, que a Graça de Deus não é apenas para um grupo especial, para determinada denominação confessional ou pessoa. É para todos aqueles que se sentem tocados pelo Espirito que acende em nós o fogo abrasador do amor incondicional, que nos leva ao serviço do outro. Que todos sejam um, para que o mundo creia (Jo 17,21) em nossas diferenças podemos realizar atitudes de amor e unidade. Que A Ruah Divina aqueça e ilumine nossos corações para que tenhamos sempre certo o caminho da unidade. Isaias na primeira leitura nos apresenta o Deus da libertação, que nos mostra a sua face humana, sempre preocupado em apoiar os projetos de vida e libertação, ele não é um Deus terrível como muitos o chamam. Mas é bom, compassivo e benevolente. Um Deus que ampara e que cuida, nos convida a olhar as necessidades humanas com amor. Ele se mostra a nós como um Deus da vida.
Na segunda leitura da carta à comunidade de Fipilos podemos sentir como o extremismo religioso pode ser negativo e opressor, Paulo fala dos judaizantes, aqueles que estavam presos a antiga Lei, e a cultos meramente formalistas e já sem sentido, eles queria impô-los aos novos convertidos, davam mais importância a letra do que ao espírito, importavam-se mais com o ritualismo religioso do que com a Fé verdadeira. Acontece, nos dias de hoje não é muito diferente, o fundamentalismo religioso tem tido cada vez mais espaço na sociedade, a letra matando o espírito, onde vemos, milhares de pessoas se deixando levar por falsas moralidades, pouco conteúdo profético e fé rasa. Temos visto as pessoas procurarem Igrejas para satisfazer suas vontades pessoais e financeiras, esquecendo do verdadeiro conteúdo, que é o Evangelho do amor. Como judas, não estão preocupados com o bem comum, apenas com suas satisfações pessoais, apoiados por falsas promessas de mudanças de vida e uma vida de benefício como se Deus fosse uma grande loja de departamentos, onde a gente pode entrar pegar o que quiser negociar o valor pagar, e sair. O gesto de maria, irmã de marta e Lázaro, que também é narrado nos Evangelhos de Marcos e Mateus, revela no mínimo um coração agradecido, cheio de amor, de um amor elevado, daí o presente tão caro, um vaso de nardo. Não é pelo preço em si, mas, pelo valor daquela ação, de serviço, de se colocar a disposição e fazer o bem, simbolizando o desejo de servir ao próximo, não como ato de humilhação, mas sim como um bem sublime. A fala de judas o quão grande pode ser miserabilidade humana e o quão hipócrita podemos ser, quando não sentimos a Graça de Deus verdadeiramente, quando não estamos convertidos verdadeiramente e nos preocupamos apenas com nossos projetos, esquecemos de colocar Deus na nossa rota. Quando isso acontece não nos sentimos preenchidos, parece que falta algo, a vida parece plástica demais, sintética, insossa, sem sentido. Daí vemos tanta tragédia, tanta morte e violência, tantas pessoas tirando a vida por se sentirem vazias e infelizes, sem sentido. Quando colocamos Deus e o próximo em nossas vidas, vamos preenchendo as lacunas, e começamos a enxergar uma dimensão de vida plena e nova, nos sentimos capacitados para uma vida em Deus, damos sentido a nossa existência, nossas angustias não parecem mais tão grandes e insuportáveis, vemos o amor de Deus preenchendo nossos corações, já não damos mais tanta sentido a tristeza e nos fortalecemos na pratica evangélica. Claro toda essa ascese, não é tão simples, precisa ser primeiramente buscada e trabalhada, e a buscamos na comunidade de fé, na igreja, como irmãos e irmãs, ouvindo a mensagem da palavra e compartilhando a fé comum com os irmãos e irmãs. Daí o que Jesus diz, sede santos como vosso pai no céu, e a santidade está exatamente inserida no amor ao outro, numa vida reservada, do ódio, do egoísmo, da inveja de tantos sentimentos que violam nossa essência divina. O que vamos dar a Deus? Será que estamos reservando o melhor perfume? O mais caro o mais precioso? Será que estamos dando aquilo que temos de melhor? Uma fé verdadeira calcada no bem comum, no serviço ao outro, no olhar mais compassivo? Na preocupação mais solidária, no Aperto de mão mais firme, no abraço mais apertado, no sorriso mais singelo, no olhar mais preocupado com o outro. A verdadeira experiência em Deus está na descoberta de que para amar, não há segredos, é apenas uma questão de iniciativa. Que o Deus do amor possa no ensinar a amar desinteressadamente. Pregação sobre o 5º Domingo da Quaresma Isaias 43,16-21; SL 126; Filipenses 3. 4b-14; Jo 12,1-8 Em 2017, o número de pessoas deslocadas por guerras, violência e perseguições bateu um novo recorde pelo quinto ano consecutivo. Do total de indivíduos forçados a se deslocar, 25,4 milhões haviam cruzado fronteiras, tornando-se refugiados. Os números são do relatório anual Tendências Globais, divulgado pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR).
Uma passagem bíblica que ilustra muito bem que Jesus nos propões aceitar as diferença inter raciais e religiosas e de gênero é o texto da mulher samaritana (Jo 4: 5-43). Os samaritanos eram um povo colono, considerado pelos judeus, desde a época da recolonização pela Assíria 700 a.c, impuro, miscigenado que aceitava a lei mosaica e adotava, em parte a religião judaica. Pois eles esperavam que o Messias fizesse de Samaria e não Jerusalém, a sede de seu governo, por isso eram evitados pelos judeus, que se consideravam superiores. independente do pensamento judeu dessa época, mais tarde se percebeu que essa essa miscigenação trouxe muitos benefícios, tanto culturais como para o desenvolvimento humano da região da Samaria. O poço de Jacó, existe até hoje é um dos poucos lugares relacionado com a história de Jesus, que podem ser identificados com exatidão. Jesus se importou com a prática de um sistema desleal, ele mesmo não foi nenhum Baluarte do tradicionalismos judeu, andou com os proscritos, marginalizados pela sociedade da época, publicanos, prostitutas, leprosos, e muitos outros. Jesus não fazia distinção e acepção de pessoas, para ele o amor de Deus era para todas as pessoas, pobres, ricos, estrangeiros, embora ele tivesse especial predileção pelos Humildes. Jesus fez questão de passar pela Samaria ao invés de ir pela rota mais comum, pelo vale do Jordão , isso era considerado um escândalo para um judeu, na verdade para a Elite religiosa da época, tudo o que Jesus Fazia era muito escandaloso. Jesus passou pela Samaria para mostrar que o amor de Deus não tem Pátria e nem religião, comunicando este amor Divino Universal como uma nova dimensão da vida, calcada na solidariedade e na tolerância, ele dá a verdadeira água da vida, restabelecer o reino de Deus na casa comum a todos os povos e indivíduos, homens e mulheres, independente de raça, idade, ou opção sexual. Diante da samaritana nos ensinou que temos que superar as barreira e as restrições, derrubar os Muros das divisões étnicas, raciais e de gênero. O próprio povo de Israel, lemos todos os finais de semana em nossas igrejas, foi migrante e Deus se colocou a favor deles como um Deus que não aceita a injustiça e a miséria humana, ele se revolta contra a exploração. Trabalho escravo, tráfico de pessoas, abuso sexuais e muitas outras formas de violência é o que muitos migrantes e refugiados tem encontrado quando chegam. São graves pecados cometidos contra a verdadeira dimensão do Evangelho de Jesus, que é o evangelho do amor. Como igrejas, Comunidades, instituições humanas não podemos deixar de acolher aqueles filhos de Deus que veem até nós em busca de refúgio e esperança. Não podemos negar o apelo de Deus no Êxodo “não oprimiras o migrante (Êxodo 23,9). O próprio Jesus e sua família foi Migrante refugiado no Egito, fugindo da tirania de Herodes. Não devemos nos esquecer do que disse Jesus em Mateus 25, tive fome e me deste de comer, tive sede me deste de beber eu fui emigrante e me acolhestes. Como escreve muito bem o sociólogo Gilberto Freyre a verdadeira identidade do povo brasileiro deve ser construída sobre uma apologia da mestiçagem redimindo a Alma Nacional do Estigma deixado pelo século 19 e que comprometia e compromete o futuro da Nação. Para ele “a mistura étnica e cultural do Brasileiro ao invés de ser um fator de vergonha deveria ser considerado como motivo de orgulho e originalidade.” Vivemos em um pais construído por migrantes, e esta relação de migração acontece o tempo todo. Que possamos A exemplo do que fala o evangelho receber e acolher todos os povos, pois, nós mesmos somos migrantes nesse mundo de Deus, nossa passagem é rápida e precisamos deixar marcas positivas da nossa estada aqui. Não é de hoje que as pessoas costumam defender um Jesus que nunca existiu e que está totalmente fora do Jesus que nos é apresentado no Evangelho. Na verdade, tem se criado um Jesus, produto comercial que já vem embalado e empacotado, pronto para ser entregue, basta que você pague por ele. Existem muitas pessoas vendendo-o, sem nenhum escrúpulo apresentando um Jesus milagreiro, que cura todas as enfermidades, que promete prosperidade sem limites. Ele pode te dar uma casa, carro, um negócio pode fazer você ser promovido, ter um filho e uma série de coisas. É o deus do negócio, toma lá dá cá. Seu for a Igreja, pagar o dízimo fazer tudo o que o líder de minha igreja disser, então eu terei prosperidade. Não que Deus não possa operar milagres, pois ele o faz e temos muitos exemplos, contudo, ele não os vende.
Esse tipo de mercantilização de Jesus já vimos em outras épocas. Lutero, por exemplo, no século XVI lutou severamente contra esse tipo de coisa, na época a Igreja vendia o paraíso através das indulgências após a morte ganhava-se o paraíso, hoje, tem igrejas prometendo o paraíso já, aqui na terra, uma vida de prosperidade individual que leva seus fiéis a pensarem apenas no que Deus pode dar, como eu posso fazer para trocar com Deus, sucesso prosperidade e ser feliz. Não condeno as pessoas que querem ter uma vida de conforto e possibilidades, acho que todos devemos procurar o bem-estar, e também lutar juntos para que haja igualdade e os irmãos também possam ter conforte e dignidade. O que não podemos fazer é barganhar com Deus, como Simão o mago, citado em Atos 8, 9 - 25; que quis comprar as bênçãos de Deus e o poder do Espírito Santo, Pedro o repreendeu fortemente, pois os dons de Deus não podem ser comprados, eles são dados segundo os desejos de Deus. Por isso quando pessoas vendem milagres e bênçãos chamamos de simonia. Muitas pessoas praticam simonia velada, hoje em dia. O que temos que entender é que Deus não está preocupado com o bem-estar de algumas pessoas ou de um único povo. Sua palavra liberta, e através dela nos leva a agir por todos, comunitariamente ele nos quer preocupados com o nosso semelhante, em compartilhar um pouco daquilo que temos e podemos compartilhar com as pessoas. Afinal de contas amar uns aos outros não é apenas cumprimentar o irmão no momento da paz no Culto e depois ir para casa fingindo que já fizemos nossa parte indo à Igreja, não se preocupando com o outro, com o mundo, sem querer saber se meu irmão precisa de algo, ou se eu posso deixar alguma coisa de boa para as pessoas ou o planeta. Não é possível ser cristão e viver nessa alienação total, viver só para mim e para o meus. Viver o evangelho e toda sua plenitude é estar em busca do bem do semelhante, exatamente como Jesus fez, pessoas que fazem isso são chamadas de Santos e santas pelo Igreja, e um grande número as vezes nem é reconhecido como tal. Precisamos sair da alienação e do comodismo e colocar a mão na massa, buscar uma forma de servir ao outro dedicar um pouco do nosso tempo para fazer o bem, ajudar alguém, fazer a humanidade melhor, o pouco que fazemos já pode ser muito para quem realmente precisa. Não podemos servir a dois senhores (MT 6,24). Não é possível seguir um evangelho do egoísmo, que não procura ver na necessidade do outro uma forma de servir com amor. Eu não posso servir a Deus, sem fazer o bem aos outros, porque aí reside o verdadeiro amor de Deus, aí está a revelação de Deus por nós. "Qualquer coisa que fizerdes a um desses meus pequeninos e a mim o fizestes." ( Mt 25,40) O amor de Deus deve ser distribuído e partilhado, essa é a verdadeira benção na vida daqueles que querem seguir Jesus. Não existe amor interesseiro, esse tipo de amor Deus abomina, se você cruza os braços para o irmão ou irmã que precisa e ante as injustiças deste mundo, saiba que não estás seguindo a Deus. Dentre as mais belas orações da cristandade o Pai Nosso figura como uma das mais belas, sem dúvida uma das orações mais rezadas em todo mundo, não só por seu caráter ecumênico, como pela mensagem modelo de oração, que não esquece de nada. O Pai Nosso ensinado por Jesus possivelmente é bem diferente do que está na Bíblia, até porque no momento em que Jesus proferiu esta oração, não havia ninguém escrevendo, alias como todos os atos de Jesus são memórias dos seus apóstolos.
A língua de Jesus era o aramaico Galileu, possivelmente o Pai Nosso tenha sido proferido nesta língua, embora Jesus com certeza conhecesse o hebraico e o próprio grego. Traduzindo em centenas de idiomas o Pai Nosso é oração canônica e conhecida por várias civilizações e tradições religiosas. O trecho que encontra-se em Mateus 6. 9-13 está mais completo do que o texto de Lucas 11. 2-4. Em Lucas está em uma versão mais sintetizada. Manuscritos encontrados mais recentes incluem na oração do Senhor a parte: pois teu é o Reino o Poder e Glória para sempre amém. Verdadeiramente qual o sentido da oração do Pai Nosso? Muitas vezes oramos na Igreja e ou em várias ocasiões, más, será que já paramos para refletir o que estamos pedindo? E o quanto estamos nos comprometendo com esta oração, que além de tudo passa a se tornar um sinal de fé daqueles que a pronunciam, comprometendo-se com o Reino de Deus, tão amplamente difundido por Jesus e o movimento de Jesus. O significado que cada frase desta oração, cada pedido e cada palavra proferida nos incluem profundamente no reino messiânico, pois o sentido que Jesus deu a esta oração é muito profundo e místico. Passemos a analisar a oração sentença por sentença, traduzido diretamente do aramaico. Nosso pai do Céu santifica teu nome- reconhecemos primeiramente que aqui na terra somos todos filhos de Deus. Também reconhecemos o primeiro mandamento, reconhecer a Deus como criador dos Céus e da Terra, e afirmamos nossa intimidade com ele, quando dizemos Nosso Pai do Céu, assim como o pai carnal terrestre, sintonizamos nosso ser com o Pai Celestial, e santificamos seu nome entre nós, ou seja, expressamos através de nossa conduta a maneira como devemos viver o nome de Deus. Nas tradições pagãs o nome dos deuses era velado, somente aqueles que detinham o poder sabiam o verdadeiro nome das divindades e afirmavam que poderiam controla-las pelo verdadeiro nome, uma forma de controlar a fé. Quando Moisés tem sua experiência com Deus no deserto, ele pergunta o nome da Divindade, e Deus se recusa a ser nominado, se recusa a ser um Deus usado pelo poder para oprimir os mais simples. A tradição judaica acredita que o nome de Deus tenha sido perdido, na verdade ele nunca foi achado, porque ele se revela como um Deus humano de amor capaz de ser compreendido por suas criaturas, Eu Sou o que Sou (Êxodo 3,14), não há necessidade de atribuir a ele nomes, porque ele não se permite usar pela natureza humana, ele se manifesta nas coisas mais simples, de uma sarça a uma manjedoura em Belém. Venha o teu Reino – de liberdade, amor, justiça e solidariedade, este reino já esta presente entre nós, e podemos vive-lo e compreendê-lo na pessoa do outro, da esposa ou do esposo, dos filhos e parentes e através dos mais necessitados. Quando buscamos a justiça do Reino de Deus aqueles que mais precisam, que se encontram margem da sociedade, não podemos dizer venha o teu reino se não amamos a diversidade deste reino, negros, índios, gays, lésbicas, trans, ou qualquer outra minoria, se não aceitamos a proposta do amor, não vivemos e não estamos inseridos no reino de Deus. Seja feita a tua vontade - é uma parte muito difícil, porque normalmente a vontade de Deus anda ao contrário do que a moda e os desejos da atual sociedade quer, não podemos dizer que aceitamos a vontade de Deus se não conseguimos viver de acordo com o projeto do Pai. Se não permitimos que todos pertença a esse Reino. O Pão Nosso de Cada dia dai-nos hoje – quer dizer, dai-nos a vida, porque sem pão não há vida. Uma sociedade que nega o alimento aos seus, está totalmente contrária aos planos de Deus, sem igualdade de direitos e oportunidades iguais para todos, não há Reino de Deus, não há prática do verdadeiro evangelho. E perdoai os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido -sentido da palavra pecado é” errar o alvo” queremos um novo mundo, com base em convivências pacíficas, alicerçadas no perdão e no amor, com elevada simplicidade de coração, sem ódio, rancor, preconceito ou qualquer tipo de vingança. Qualquer coisa diferente disso, não vem de Deus. Não nos permita cair em tentação – de nos achar únicos donos da verdade, de querer ser igualar-nos a Deus, de querer que tudo gire em torno de nós. O egoísmo e a vaidade são dois grandes flagelos da sociedade, do qual nenhum de nós está livre de cair. Devemos saber reconhecer os nossos erros. Mas livrai-nos do mal- que está dentro de nós, e que muitas vezes externamos isso ao próximo. Não permitamos que a falta de amor, solidariedade e injustiça seja a guia mestra de nossa sociedade, não permitamos crescer em nosso meio qualquer tipo de opressão, miséria e discórdia. Que possamos estar comprometidos com uma Sociedade Deus, onde todos e todas são filhos de Deus e coerdeiros da Graça do amor. Pois teu é o Reino o Poder e a Glória para sempre – essa parte foi descoberta em manuscritos mais recentes. O Pai Nosso não é apenas uma oração, mas, um símbolo de fé, onde oramos a Deus e nos comprometemos ao mesmo tempo, quando oramos e pedimos todas essas coisas é porque estamos cientes de que o Reino de Deus também exige de nós ações pró ativas. É preciso que tenhamos em mente todas as vezes que rezamos essa oração, que ela é mais forte constituição do Reino de Deus entre nós. O terceiro domingo do advento na Igreja ocidental é chamado de domingo da Alegria, ou gaudete conforme uma tradição mais católica. Este domingo nos lembra da Alegria que temos de estar em Deus, e da vida em Deus. O Magnífico hino de alegria a Sião, um cântico de esperança de salvação, pela sua fidelidade sobreviverá às tremendas calamidades que o profeta anuncia. O hino vem de encontro a essa quadra litúrgica; por um lado, condiz com o tom de alegria deste Domingo, por outro, faz pensar nas palavras do Anjo Gabriel à Virgem Maria (cf. Lc 1, 28.30.48); daí que condiz bem com este texto a tradução da saudação angélica «avé!» por «alegra-te!».*
Na segunda leitura Paulo escreve a comunidade de Filipos, anima-nos a vivermos em alegria contínua e dá-nos a razão para isso: o Senhor está próximo. A carta é um escrito da prisão, num tom muito familiar e predominantemente exortatório, incitando a perseverar na vida cristã, apresentada como um desporto sobrenatural (3, 13-16). Ela tem aqui o «seu ponto culminante» (H. Schlier). Paulo expressa-se sempre com muita gratidão a comunidade de Filipos, pois estes ajudaram financeiramente em tempos de dificuldade. A Alegria de uma vida em Deus não está em bens materiais, mas, sim na Graça de Deus abundante em nossa vida. Talvez tenhamos passado um ano difícil no que tange a nossa vida profissional, emocional familiar... muitas pessoa estão desempregadas, outras tiveram perdas financeiras ou até mesmo perderam pessoas queridas, outras estão assustadas diante dos acontecimentos políticos atuais, com medo diante de toda essa onda de opressão e perda de direitos, onde se continua a ver cada vez mais corrupção e desonestidade. Não vivemos tempos muito diferentes daqueles primeiros cristãos da época de Jesus, que também viviam com medo, diante de tanto injustiça e opressão. O império romano exercia ferrenho controle nas pessoas na época de Jesus. João Batista falou contra toda essa opressão, ele denunciou toda a podridão que havia na época. As pessoas perguntavam a João, o que devemos fazer? João responde profeticamente, compartilhem, distribuam o que vocês tem, esse era o caminho certo, sejam solidários uns com os outros. João falava do amor de Deus para com as pessoas, não era muito diferente do que Jesus viria a falar mais tarde. Traçando um paralelo com o que temos hoje, vemos que muito pouca coisa mudou, que o ser humano continua desonesto e egoísta, vemos que ainda continuamos divididos, explorados e dissuadidos pelo poder dominante. Não somos diferentes do povo do deserto que adorava um bezerro de ouro, nós continuamos a idolatrar o poder e o ter pelo ter, o deus do dinheiro. Outro dia estava lendo uma reportagem em um site de notícias que dizia que na Europa as pessoas não queriam mais ir as Igrejas, que os templos estavam ficando vazios. Acredito, realmente, algumas pessoas estejam tão vazias de Deus e tão cheias de si mesmas e de seus problemas que não tem tempo de ir a Igreja agradecer a Deus, acredito que muitas delas tenham trocado a divindade por esse modelo de vida moderno, onde não há espaço para o espiritual e para olhar para quem precisa. Paulo nos dá a receita, alegrai-vos; Não vos inquieteis com coisa alguma; mas em todas as circunstâncias, apresentai os vossos pedidos diante de Deus, com orações, súplicas e ações de graças. (vs 6). Na fé e no amor venceremos o mal, e toda essa potestade de maldades que tanto vemos. É através da vida em Deus e do Caminho de Jesus, que é o amor, que nós venceremos o mundo. Pois Jesus nos diz: tenham fé, eu venci o mundo. (Jo 16,33b). O amor de Deus nos nutri e leva sempre a frente, com alegria, pois a alegria em Deus é superior a alegria do mundo. Podemos falar infinitamente deste tema e ele nunca se esgota, até porque ele pe falado muitas vezes na Bíblia. A passagem de Marcos 12.28-34 que fala do grande mandamento vem antecedida da passagem da discussão entre Jesus e os Saduceus sobre a Ressurreição.
Jesus cita o primeiro o mandamento que está em DT 6:4-5 do Shemá Israel(Escuta Israel) e complementa com a passagem de Levíticos 19:18 onde, o Senhor pede que ame os nossos inimigos como a nós mesmos. Jesus e o Escriba concordam que mesmo em diferentes pontos de vista, o amor a Deus e ao próximo são muito mais importantes que o rituais exteriores. É claramente colocado que, podemos seguir diferentes caminhos em direção do mesmo Deus. O importante é o amor, que recebemos de Deus e devemos redirecionar ao próximo. Tanto Mateus como Lucas colocam clara a intenção dos fariseus de arranjar um motivo para culpar Jesus de heresia e blasfêmia e, para tanto ficam o tempo todo lhe provocando e o instigando a errar. Contudo Jesus responde a altura do que é esperado pelo Filho de Deus e reafirma que nossa aliança com Deus se dá através do amor a ele e a todo a humanidade, exatamente como Deus nos ama. Em Lucas o amor ao próximo vem como introdução a Parábola do Samaritano, reforçando ainda mais o principio cristão do amor. Legalismos, fundamentalismos e ritualismos só escondem os preconceitos e mascaram a exclusão, gerando conivência com o sofrimento, a opressão e a morte. Por isso Jesus afirma ser o Samaritano, muito mais próximo de Deus, do que o sacerdote e o levita que perderam a verdadeira essência do amor de Deus, se afastando do caminho para o Reino dos Céus. Mesmo conhecendo a importância deste mandamento, desconsideram seu imperativo que se traduz na prática da solidariedade e da justiça. Marcos revela haver um pouco mais de sintonia entre Jesus e o escriba, ele começa sua fala baseado em uma das passagens mais conhecidas do Velho Testamento para os judeus. O Shemá além de ser um canto litúrgico é uma confissão diária, todos os dias é preciso lembrar que o Senhor é nosso Deus, e que ele é um Deus de amor. O escritor de Levítico pede que isso seja uma constante na vida do povo de Israel, que ele guarde esse preceito , que ele escreva e coloque nos umbrais da casa e sobre a seu corpo amarre fitas com essas palavras escritas, mais do que o costume ritual e muito mais importante o que Deus queria é que eles o tivessem em seus coração. No versículo (30) do Evangelho de Marcos Jesus elucida bem que esse amor seja de todo o nosso ser, de coração e pensamento. Na cultura judaica, coração nem sempre significa temperamento, mas, indicam também nossos projetos e intenções, nossa razão e nossos atos em si. Não é só algo emocional é principalmente racional e deve ser sentido por completo, ou amamos a Deus e ao próximo ou não amamos a Deus, apenas dizemos da boca para fora. Principalmente nestes dias em que o ódio tem se manifestado de diversas formas, através mensagens em redes sociais em discursos políticos e principalmente no coração das pessoas, não é possível se dizer cristão, seguidor do Movimento de Jesus, sem amar ao próximo exatamente do jeito que ele é e que De |
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